Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

sexta-feira, dezembro 30

Pensamentos a Sul

Ao atravessar a ponte 25 de Abril todos os dias o pensamento a cada manhã é sempre o mesmo. Não vou virar na saída esperada e sigo sempre em frente, rumo ao litoral alentejano. Com o motor a fervilhar, o sol a reflectir-se nas lentes escuras dos óculos de sol e a retina a brilhar de euforia, no meu pensamento rumo às praias selvagens e perdidas da costa vicentina, desço as rochas e as falésias, piso a areia branca e virgem, onde as minhas são as primeiras pegadas, e corro rumo ao mar, num choque frontal com as ondas que adivinha uma nova vida.

Mas… levanta-se a cancela e cá estou eu no trabalho. Quando voltam o Verão e as férias?

Cheques é em Almada

Durante esta semana tive de me deslocar à Câmara Municipal de Almada para levantar um cheque de uma terceira entidade. E qual não é a surpresa quando me deparo com as instalações da autarquia, uma das maiores do país, enfiadas num casebre em obras, onde o espaço é mínimo, com quatro pessoas a partilharem um gabinete que no fundo seria ideal para um funcionário. A burocracia é a mesma de muitas instituições, subir escadas e descer escadas, entregar papéis e receber outros. Finalizado o processo todo é altura de receber o cheque, bem pesado por sinal. Nova surpresa: não é pedida qualquer identificação nem é requerida qualquer assinatura de confirmação de recibo. Parece que com o final do ano as autarquias querem é distribuir o dinheiro e não se preocupam muito com quem o recebe.

Enfim, o que salvou esta visita a Almada foi a bela vista para Lisboa, com a Basílica da Estrela bem em destaque.

quarta-feira, dezembro 28

Dentro de água

Lembro-me dos meus tempos de natação. Sozinho na piscina, água aquecida, equipado com touca, óculos e fato-de-banho, lá cruzava eu metros e mais metros de crawl, costas, bruços e mariposa. Tudo somado dava quase para ir à Madeira e voltar. O coração a bater mais depressa, o corpo a escaldar, a pulsação prestes a rebentar, assim se passavam 50 minutos. E à saída o duche gelado para acalmar os ânimos, depois o gorro na cabeça ainda molhada, regresso à vida quotidiana.

Porque os momentos na piscina eram como que uma viagem três vezes por semana a outra galáxia. Mergulhado na água, braçada a seguir a braçada, num ritmo cadenciado, o pensamento voava e perdia-se onde só ele sabia como encontrar-se. O barulho filtrado pelo meio aquático e pastoso, as vozes distorcidas, a música longínqua, tudo convidava à fuga ao mundo real e ao labirinto da imaginação.

Tenho saudades desses tempos. Agora ando a voar pelos courts..

quarta-feira, dezembro 21

Estaremos a criar robots?

Ainda o e-learning... Numa conversa com os meus colegas sobre o Fórum de ontem sobre Educação e Cultura Online mais alguns pontos saltam à vista.

Será que queremos que os nossos filhos sejam educados através de computadores e de livros electrónicos? Então e a motricidade humana? Chegaremos ao cúmulo de uma criança não saber mais como pegar num lápis, fazer um desenho à mão ou saber sequer que existe um objecto chamado caneta? Fará ele tudo a partir do seu lugar, através da mera pressão de determinados botões?

E ao aprender tudo através de uma máquina, onde cabe a interacção social, a vivência com as outras crianças, as discussões, o andar à bulha, o jogar à bola, o correr à apanhada?

Estaremos a criar robots?

18.26

18.26. Exactamente a esta hora e as estes minutos entraremos no Inverno. O que consola é que a seguir vem a Primavera e o mais desejado Verão. Vai-te embora ó frio!

terça-feira, dezembro 20

Reinventar o Homem

Hoje participei num Fórum sobre Educação e Cultura Online na Universidade Nova de Lisboa.

Falou-se de muita coisa mas retive alguns conceitos nos quais já vinha pensando há muito tempo.

Um dos pontos de referência sempre que se fala de cultura online é o e-book, ou livro electrónico. Significará ele o fim do livro em papel, tal como o e-mail significou o fim da carta postal? Espero sinceramente que não. Um livro em papel, para além de fornecedor de informação e de entretenimento, de ponto de partida para o mundo mágico da imaginação, é também uma obra de arte, um amigo, algo de palpável, que deve existir de facto, e não uma realidade virtual. É minha esperança que nunca venha a acontecer o fim do livro-papel, e a dar-se esse trágico evento, que eu já não esteja cá para o ver...

Sobre as vantagens do e-book falou-se do facto de ser mais ecológico. Errado a meu ver. O papel recicla-se, transforma-se. Os computadores e restantes hardwares até ver não. E são muito mais poluentes.

Um dos oradores falou igualmente do conceito de PC, ou computador pessoal, e sublinhou que era algo que era parte do seu corpo, como uma extensão de si mesmo. Mas que sociedade é esta, a ocidental, em que se considera que um computador é a continuação do ser? Que modelo é este em que o emprego comum passa por estar horas e horas em frente ao ecran do computador? Estamos a perder o nosso carácter mais animal, mais puro, mais próximo da Natureza. Sinais do tempo... É preciso reinventar o Homem, olhar para as civilizações antigas, olhar para as tribos de África, para o misticismo da Ásia, para os índios da América do Sul e para os aborígenes da Austrália.

O sentido da vida

«Sim, vale a pena morrer pelas coisas sem as quais não vale a pena viver.»

Salvador Allende

Apesar da vida não fazer sentido a sós também não a podemos viver em função de alguém. Somos nós o nosso motor e não o outro. O outro poderá dar-nos umas dicas, mas quem define o nosso caminho e o percorre somos nós. Porventura aquele sem o qual não vale a pena viver é o nosso próprio ser.

segunda-feira, dezembro 19

Mais diabos vermelhos

E vem aí o Liverpool para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Eu preferia o Arsenal, mas o sorteio não o quis. Tal como com o Manchester United, confiança até ao fim. Com muita força de vontade chegamos lá, desde que nunca baixemos os braços.

E será que o Marco tem razão? O Tigre está a ficar um antro de lampionagem? Ninguém pára o Benfica...

Perto da Natureza

Fim-de-semana campestre, com muita lareira, boa conversa, Monopólio e Trivial, passeios pela floresta e pelas serras e montes.

É tão especial adormecer ao som do crepitar dos últimos toros de lenha, com as sombras dos derradeiros fogachos da lareira. Acordar e tomar o pequeno-almoço com um pano de fundo de montes e vales a perder de vista, um verde infelizmente salpicado de manchas castanhas dos incêndios do Verão.

Passear pelas oliveiras entrecortadas por raios mágicos de um sol que, apesar da massar de ar gélido do Árctico que nos resolveu visitar este ano, insiste em manter-se quente.

Foram três dias especiais, para retemperar energias e lavar a alma, aproximando-nos do nosso estado mais puro, mais perto da Natureza.

segunda-feira, dezembro 12

Máxima para a estação

«Por vezes o nosso destino parece uma árvore de fruto no Inverno. Ninguém diria que aqueles ramos hão-de ficar verdes e florir de novo, mas temos confiança, sabemo-lo.»

Goethe

sábado, dezembro 10

Saber parar

É preciso saber quando parar. Não insistir, não repetir o mesmo erro vezes sem conta. É preciso saber avaliar as situações em perspectiva, saber pesar os prós e os contras. E entender que é melhor parar e perder agora, para mais tarde vir a ganhar. Fazer sempre a mesma coisa não vai modificar o curso dos acontecimentos. É necessário encontrar o caminho para ultrapassar essa coisa, até para depois ter uma vontade renovada e ainda mais forte do que aquela que existia antes do surgimento do problema.

Determinação

«Seja qual for o lugar onde nos banirem e tribulação pela qual tivermos de passar, deveremos manter os olhos volvidos para o amanhecer da glória, com resolução e confiança e ocuparmo-nos daquilo que for conducente à melhoria do mundo e à educação dos seus povos.»

Escrituras Bahá'ís

A árvore de Natal do Terreiro do Paço

Uma amiga minha alemã comentava comigo no outro dia o porquê da nossa gigantesca árvore de Natal, «plantada» no coração de Lisboa, na sala de entrada da capital que é o Terreiro do Paço. Para quê gastar tanto dinheiro e preciosa energia numa árvore de Natal? Para termos milhares de portugueses preguiçosos a passear orgulhosamente com o seu carrinho e terem um vislumbre de alguns segundos da dita, empancando o trânsito e criando filas desde o Marquês e desde o Cais do Sodré rumo à Praça do Comércio?

Isto na Alemanha nunca aconteceria, dizia ela. É verdade. Os tugas precisam de coisas de encher o olho, de forma a renovarem a sua esperança sempre reduzida num futuro melhor. E querem mostrar que são os primeiros da Europa, nem que seja num árvore de Natal gigante. Marketing sim senhor, e bem elaborado. Mas será que é de mega árvores de Natal que precisamos? Não será melhor olharmos para dentro e tentarmos eliminar os nossos egoísmos do que mirar para fora e vermos uma espampanância que é efémera (que a SIC e o Millenium BCP mandam desligar as luzes à meia-noite porque os euros não esticam...) e apenas enche o olho?

Iluminados de lâmpada fundida

Porque será que a maior parte dos buzinões e das encrencas do trânsito de Lisboa são causados pelos taxistas? Como têm a mania que são os reis da estrada e os donos do código acham-se no direito de terem sempre prioridade, venham da esquerda ou da direita, estejam fora ou dentro da rotunda. Haja paciência para estes «iluminados de lâmpada fundida».

Águia de Ferro

Quarta-feira, 7 de Dezembro, Sete Rios, Lisboa, 21h45. Dois amigos saem disparados dos carros e abraçam-se efusivamente. É a febre do futebol, da vitória do grande Glorioso sobre o Manchester United para a Liga dos Campeões, que não se explica. Apenas se sente.

E ninguém pára o Benfica... Águia de Ferro, confiança até ao fim!

Diário da campanha

Para o Mário Soares dar beijinhos a velhinhas não é campanha eleitoral, é cumprimentar amigas de infância.

segunda-feira, dezembro 5

Bola de sabão

Uma amiga no outro dia dizia que se queria enfiar numa bola de sabão...

Sabe tão bem enfiar-nos naquele espaço onde só estamos nós e mais ninguém pode entrar, onde voamos e mergulhamos, onde o tempo não tem espaço e o espaço não tem tempo, pensei eu.

Mas depois há que arregaçar as mangas e seguir o nosso caminho, mas porque nós o escolhemos assim e não por pressão do outro.

E mesmo com trambolhões chegamos lá. Esta é para ti Inês.

Uma noite diferente

É tão bom passar uma noite na discoteca a conversar e não passar um minuto a dançar.

Reinventar a História

Conta-se que a origem do nome da vila de Cascais vem de D. Afonso Henriques. Parece que a sua mãe, D. Teresa, estava a banhar-se nua nas praias da zona. D. Afonso Henriques, furioso e determinado a defender a honra da mãe, rumou a Cascais para pôr cobro a situação. Chegado à praia começou a bater em D. Teresa que lhe suplicou: «Porque me cascais meu filho, porque me cascais?». A História reinventada.

sexta-feira, dezembro 2

Destino

O Destino. Será que o Destino existe mesmo? Essa entidade mais forte que nos guia, que nos coloca as oportunidades e os obstáculos no nosso caminho, que pre-destina os nossos passos, que conjuga os momentos da nossa vida para que tal e tal aconteça, para que estejamos naquele sítio àquela hora, para que aquela pessoa cruze o olhar no mesmo instante que a miramos, para que percamos o autocarro ou para que o semáforo fique vermelho ou verde quando nos aproximamos? Será que o argumento deste filme já está todo escrito e nós limitamo-nos, inconscientemente, a dar vida às personagens?

Vivemos, lutamos, rimos, choramos, sorrimos, dormimos, amamos, mas não saberemos nunca o porquê.

Sinto que existe algo a que podemos chamar destino, que tem traçadas as linhas-mestras da nossa vida. Em seguida cabe a nós decidir se seguimos em frente, se recuamos, se viramos à esquerda ou contornamos pela direita. Make your day, Carpe diem, dizem-me.

Mas estará o futuro nas nossas mãos ou é nossa tarefa fazer o melhor com o que temos? As oportunidades criam-se ou surgem por si só?

Sou apologista que devemos fazer o que nos dá prazer e o que sentimos ser a escolha acertada no momento. E enquanto a nossa vida permitir que seja assim, assim seja.

Sejamos felizes portanto.

Quase...

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda,
Que me entristece, Que me mata,
Trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca saem do papel,
Por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes,
O que nos leva a escolher uma vida morna...
A resposta eu sei de cor,
Está estampada na distância,
Na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indecisão dos "bom dia" quase que sussurrados
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai,
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
Mas não são!

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige e nem acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à dúvida de vitória
é desperdiçar a oportunidade de merecer
Para os erros não há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque ou que a rotina acomode,
Que o medo impeça de tentar,
Desconfie do destino e acredite em você!
Gaste mais horas realizando que sonhando,
Fazendo que planejando,
Vivendo que esperando,
Porque embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.


Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.

Quase, Luiz Fernando Veríssimo

Harry Potter

Fui ontem ver o último Harry Potter, avisado minutos antes da sessão sobre qual era o filme. Tinha ido ver o primeiro, há uns anos, tendo voltado decepcionado, com a sensação de «saber a pouco». E resolvi não mais seguir a saga do menino feiticeiro, criando até alguma antipatia.
Com os primos pequenos comecei a tomar um pouco mais de atenção, mas nada de especial. Até que ontem lá fui ver o «Cálice de Fogo».

E foi uma boa surpresa. Sentimo-nos de facto crianças de novo, entramos naquele mundo de fantasia e acreditamos que é real. Vivemos as aventuras, saltamos, pulamos… E para ajudar uma das personagens é muito parecido com um dos meus primos, o que tornou a experiência Harry Potter ainda mais aliciante. Não gosto de entrar nestas manias colectivas nem ser uma ovelha do rebanho, mas este Harry Potter vale a pena. Porque quanto mais crescemos e quanto mais anos acumulamos maiores são as saudades de quando tínhamos a idade do Potter.

quinta-feira, dezembro 1

Lisboa nem sempre é o centro de tudo

Estive no outro dia a remexer nuns armários velhos e encontrei uma mapa da zona de Lisboa e da Costa Azul. Nenhuma novidade nisto, é claro. Mas passando a face que continha as estradas, no reverso constava um mapa a duas dimensões com o estuário de Tejo e arredores. No entanto visto ao contrário, ou seja, com Lisboa a sul, Sines e Grândola a norte, e com a Península de Setúbal em grande plano no centro. Faz-nos bem ver que Lisboa nem sempre é o centro de tudo, nem que seja num mapa de estradas.

Serais ce possible alors?

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
que de nos chagrins il s'en fait des manteaux
pourtant quelqu'un m'a dit...

Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

On me dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parais qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou
Pourtant quelqu'un m'a dit ...

Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors?

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"

Tu vois quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors?

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,
Pourtant quelqu'un m'a dit que...

Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors?

Quelqu'un m'a dit, Carla Bruni

Si estás tu...

Como el sol en la bahía
cuando el mar bebe su fuego
y la noche su alegría
como casa como guía
como faro de los puertos
como luz de mediodía
como el aire de los muelles
con el hilo de las cañas
y el olor a sal y peces
como harina como pan
algo bueno que no pides
y se da
cielo limpio cielo azul
como todo
si estás tu

Como el día que amanece
con la luz abriendo paso
entre las calles y la gente
cosa tibia que se mueve
por la luna de mis labios
agua y musgo de la fuente
como flor en los balcones
como helecho de los patios
despertar de las canciones
como harina como pan
algo bueno que no pides
y se da
cielo limpio cielo azul
como todo
si estás tu


Bahía, Pedro Guerra

Reflexão sobre as Presidenciais 2006

Estamos a cerca de dois meses das eleições presidenciais e o panorama não se afigura nada animador. De um lado temos Mário Soares, que está, de facto, em boa forma física, mas que acumula gaffes no seu discurso não-estruturado e ziguezagueante. Que continua a afirmar que não queria ser candidato mas que mesmo assim seguiu em frente. Estará Soares contrariado?

Por outro lado temos Cavaco Silva, que não fala, não diz nada, não se mostra, joga pelo seguro para não se comprometer, que passa a ideia que nada sabe e nada reflecte, que quer é que este processo electivo acabe depressa para pode ir descansado para Belém.

No campo dos principais candidatos está ainda Manuel Alegre, que começou bem, com fôlego e promessa de algo diferente, mas que lentamente tem cedido às tricas com o PS, Sócrates e Soares. E tem feito birrinha ao não ir ao Parlamento exercer o seu cargo de deputado, para o qual foi eleito. E, mais grave ainda, faltou à votação do Orçamento de Estado. É como numa empresa privada o funcionário faltar à reunião mais importante do ano. E aí seria despedido, o que não pode acontecer no Parlamento com Manuel Alegre.

Quanto a Francisco Louçã, continua com as suas cada vez mais cansativas traulitadas costumeiras, no seu tom destrutivo que em vez de agregar afasta as pessoas.

Por fim temos o simpático Jerónimo de Sousa que é... simpático, apenas.

Em conclusão, o panorama das já chamadas eleições mais mediáticas de sempre é pobre, muito pobre, e quem perde somos todos nós.