Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quinta-feira, novembro 26

Zeca

Que amor nao me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor nao se entrega
Na noite vazia?

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das águas
Noite marinheira

Vem devagarinho
Para a minha beira
Em novas coutadas
Junta de uma hera

Nascem flores vermelhas
Pela Primavera
Assim tu souberas
Irmã cotovia

Dizer-me se esperas
Pelo nascer do dia

sexta-feira, novembro 20

E ainda se admiram?

Conversa no autocarro no outro dia entre educadoras de infância:

- Agora estamos com uma peça de teatro nova lá com os miúdos.

- Qual é?

- Chama-se "Pum pum, estás morto!" É sobre um rapaz que mata a família toda a tiro.

Hum... Pois.

terça-feira, novembro 17

Bom marketing

Por certo não é novidade, mas reparei apenas hoje e gostei. As bombas de gasolina da GALP têm afixado um autocolante em que se pode ler "Obrigado e tenha um dia positivo". É bem simpático, mesmo que seja puro marketing.

segunda-feira, novembro 16

Confusões

Na televisão de um restaurante em Alfama os Gato Fedorento eram reis e senhores num emissão que contava como convidada com Elisa Ferreira, candidata do PS à Câmara Municipal do Porto. Às tantas vira-se a cozinheira e diz que a senhora devia era estar em casa e não dizer disparates. Como ninguém respondeu a cozinheira continuou a dizer que a dita senhora, com a idade que tinha, devia era estar em casa, já que ia fazer 70 anos. Eu pensava que Elisa Ferreira andava na casa dos 50 anos mas mesmo assim saíu-me um "Mas olhe que está muito bem para a idade que tem". Ao que a cozinheir responde "Mas quem é que convenceu esta senhora a deixar os netos e a voltar a meter-se na política?" E aí percebi que a cozinheira falava de Manuela Ferreira Leite e não de Elisa Ferreira. Mas para ela, na televisão, entre tachos e frigideiras, eram as duas a mesma pessoa.

segunda-feira, novembro 9

É só Mike Tysons

E não é que na mesma semana me habilitei a duas zaragatas na auto-estrada?

Num dos dias regressava a casa quando uma bala começa a fazer sinais de luzes lá ao fundo. Não podia sair da faixa devido ao traço contínuo mas quando saí fiz-lhes sinal de "calminha". E então cinco marmanjos queriam sair do carro para me bater.

Noutro belo dia um carro resolveu ir a 20 km/hora na faixa da esquerda. Primeiro fui um tempo assim. Nada. Fiz sinais de luzes. Nada. Até que resolvi ultrapassá-lo pela direita. Lá o passei. Veio atrás de mim, fulo, pôs-se à minha frente e parou o carro. E depois queria ajuste de contas à pancada.

Mas está tudo doido? E não quero ser tendencioso mas foram as duas vezes na Margem Sul.

sábado, novembro 7

Casamento da Patrícia

Na missa de casamento do outro dia calhou-nos na rifa um padre bem castiço. E que até disse algumas coisas interessantes no sermão. Uma delas dizia respeito ao "Amo-te". De acordo com este nosso padre, hoje os casais dizem a torto e a direito "Eu amo-te" e quando lhes perguntam porque amam respondem "Porque ela/ele me faz feliz". Ora segundo o padre a resposta devia ser "Porque a/o quero fazer feliz". Ou seja, retirar o ónus de nós mesmos e colocá-lo no outro. Para quem vai muito à missa e segue a doutrina católica não deve ser novidade, mas lá que me fez gostar da missa isso fez.

terça-feira, novembro 3

O meu Pai - a última entrevista

Entrevista à revista do ACIDI (Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural) neste Verão.



Mário Mota Marques:

“Em Portugal, a Fé Bahá’í foi pioneira no diálogo inter-religioso”

Os Bahá’ís são os seguidores de Bahá’u’lláh, que nasceu na Pérsia e viveu entre 1817 e 1892. Os Bahá’ís acreditam que existe um só Deus, designado de maneira diversa nos vários idiomas, e que todas as religiões provêm desse mesmo Deus. Assim, os fundadores das diferentes religiões, como Zoroastro, Moisés, Buda, Cristo e Bahá’u’lláh, foram Mensageiros do mesmo Deus para os homens. Deus é apenas um e manifesta-se de tempos a tempos à humanidade através dos seus Mensageiros ou Profetas. Bahá’u’lláh foram assim sido a última Manifestação de Deus à humanidade e outras se seguirão.

Mário Mota Marques, Director de Assuntos Externos da Comunidade Bahá’í em Portugal, explica nesta entrevista a vivência e as actividades desta Comunidade no nosso país.


Desde quando está a Fé Bahá’í em Portugal?

Em Portugal, uma das primeiras referências à Fé Bahá’í deve-se a Eça de Queiroz, em “A Correspondência de Fradique Mendes”. Como curiosidade histórica, antes ainda, em 1848, um dicionário popular português dedicou sete páginas a esta religião, apenas trinta anos depois de ter surgido na Pérsia. A Fé Bahá’í existe organizada em Portugal desde 1949. Em 1975, fomos reconhecidos pelo Ministério da Justiça como religião e, com a lei de 2001, a Fé Bahá’í adquiriu o estatuto de religião radicada. Isto significa, por exemplo, que o casamento Bahá’í tem efeitos civis, tal como o casamento católico. Paradoxalmente, nós que somos uma minoria realizámos já cerca de dez casamentos da Fé Bahá’í com efeitos civis.


O que atrai um português para a Fé Bahá’í?

Penso que o que tem seduzido os portugueses, desde a década de 50 até à actualidade, é o facto de termos uma filosofia de vida que combina os aspectos espirituais, éticos e de educação para os valores (a educação é muito importante para nós) com a crença em Deus. Neste momento o mundo, e Portugal não foge à regra, está a redescobrir a necessidade da existência de Deus e de valores éticos, sociais, económicos. Há um movimento internacional que faz com que as pessoas se virem para os valores espirituais, mas sobretudo éticos, aplicados à vida concreta. Isto verifica-se sobretudo entre os jovens, que sentem um vazio e encontram em nós um desafio e um estímulo para a educação.


No seu caso, qual foi o percurso?

Desde jovem que me interessei pelos mais diversos aspectos religiosos e filosóficos. Quando tinha 17 anos, em 1959 ou 60, um amigo levou-me a uma reunião Bahá’í. Mas mesmo antes de conhecer que Bahá’u’lláh seguia na linha dos profetas anteriores, eu intuía que Cristo e Maomé não podiam ser os únicos e que os desígnios de Deus têm de ter continuidade. Assim, a mensagem de que Bahá’u’lláh é o Mensageiro de Deus para a época actual e segue a linha dos anteriores encontrou-me muito receptivo há cinquenta anos.


Como se estrutura a Fé Bahá’í no quotidiano da sociedade portuguesa?

Temos uma estrutura nacional composta por nove membros eleitos anualmente, o Conselho Nacional Bahá’í. A nível local, temos um Conselho também composto por nove membros e eleito anualmente. Esta organização é simultaneamente administrativa e espiritual.

O nosso calendário tem dezanove meses e dezanove dias. No início de cada mês, temos uma reunião em que fazemos uma síntese entre o que é espiritual, o que é administrativo e o que é convívio. Estes encontros têm uma primeira parte profundamente espiritual e meditativa, com leituras sagradas não apenas da Fé Bahá’í, mas também de outras religiões. A segunda parte é a administrativa, em que o conselho local presta à comunidade, democraticamente, o relatório das suas actividades, e recebe sugestões para o seu trabalho ao longo dos próximos dezanove dias. A terceira parte é um convívio amigável entre os membros da comunidade.



Como se distribuem as pessoas e as actividades pelo país?

Somos cerca de nove mil, espalhados por todo o território português, e estamos em cerca de 150 cidades, vilas e aldeias do Continente, Açores e Madeira. Temos centros pertencentes à comunidade em Lisboa, Portimão, Gaia, Viana do Castelo e Funchal. Para além disso, funcionamos em salas alugadas ou em casas particulares. A Câmara Municipal de Sintra cede-nos a sala da Assembleia Municipal para a nossa convenção anual e a Câmara Municipal de Lisboa tem também cedido uma sala no Centro Multicultural da Pontinha. Outras Autarquias, Juntas de Freguesia e várias Instituições também nos cedem salas.


No nosso país, os Bahá’í são maioritariamente portugueses?

Há cinquenta anos, a comunidade tinha muitos estrangeiros, mas actualmente é constituída sobretudo por portugueses. Noventa e nove por cento são portugueses e alguns dos estrangeiros estão em Portugal há décadas. Com a instabilidade no Irão nos anos 80, Portugal serviu como passagem para o Canadá de centenas de seguidores da Fé Bahá’í. Foi um período complicado, em que conseguimos ajudar centenas de membros da comunidade Bahá’í do Irão, que sofreram uma perseguição religiosa.


É possível traçar um perfil dos Bahá’ís em Portugal?

Têm um perfil muito variado, deste trabalhadores manuais a professores universitários, artistas, empresários... Talvez a maioria seja composta por pessoas da classe média, mas a fé Bahá’í percorre transversalmente a sociedade portuguesa.


Para a Fé Bahá’í, a formação e o trabalho são factores fundamentais...

A educação é fundamental para nós. E o trabalho, se encarado como algo que é útil à humanidade, com carinho e empenho, é uma forma de oração. Para sensibilizar as pessoas para os nossos valores, organizamos actividades abertas para todos e por vezes apenas a pessoa que organiza, a quem nós chamamos facilitador, pertence à Fé Bahá’í.

Temos três tipos de actividades, consoante os escalões etários: Dos 5 aos 14 anos, fazemos uma educação para os valores através de jogos, participação interactiva, música, desenvolvimento da capacidade de amizade e de uma série de princípios que formam o homem. Dos 14 aos 20 anos, juntamos grupos de jovens que frequentam um curso de descoberta de si mesmo semelhante ao dos adultos. É um curso interactivo, gratuito, onde as pessoas progridem através de um conjunto de sete livros. No primeiro, encontram valores que são partilhados por qualquer confissão religiosa. Se aceitam esses valores, vão lendo o segundo e o terceiro, com um conteúdo cada vez mais específico relacionado com a Fé Bahá’í.


Há preceitos difíceis de seguir na nossa sociedade?

Não. Há a oração diária e a leitura das Escrituras Sagradas, que não é nada que as outras confissões não façam. Há a ética no trabalho e na escola, que pode ser exigente, mas não especificamente na nossa sociedade.


Como tem sido o seu trabalho na Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas?

Tem sido de um grande enriquecimento pessoal muito grande poder contactar com pessoas que a pouco e pouco se tornaram amigas. Nos seminários internacionais Bahá’ís, quando digo que em Portugal existe esta sã convivência entre as religiões e informo que o governo português tem incentivado e patrocinado o diálogo inter-religioso, olham para mim com espanto. Na Europa, Portugal é um exemplo de tolerância, de compreensão e do não-preconceito. O preconceito é o medo do desconhecido, e à medida que nos conhecemos uns aos outros não pode continuar a existir. Sabemos aquilo por que lutamos, aquilo que queremos e aquilo que podemos fazer juntos. Nesta área, a Igreja Católica tem tido um papel muito importante, através do Padre Peter Stilwell. Estou a lembrar-me, por exemplo, da reunião que tivemos na Igreja de S. Nicolau quando o Papa João Paulo II faleceu, que juntou membros das comunidades religiosas em Portugal a orar pela paz.


A Comunidade Bahá’í faz também parte da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género...

Devido à participação intensiva e muito apaixonada da comunidade Bahá’í no Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades para Todos, a Comissão para a Igualdade de Género, que tem um Conselho Consultivo composto por quarenta organizações não governamentais e associações ligadas à promoção da igualdade de género, resolveu nomear a Fé Bahá’í como membro desse Conselho Consultivo, o que aconteceu pela primeira vez com uma confissão religiosa. Essa nomeação foi feita pela presidente da CIG, Elza Pais, e por Jorge Lacão, o secretário de Estado que tutela a Comissão.


A Fé Bahá’í é uma religião que cultiva a tolerância?

A tolerância e a inclusão. Vem a propósito referir que em Portugal a Fé Bahá’í tem uma vanguarda de acção no diálogo inter-religioso e inter-cultural. Nos anos 60, era normal o presidente da comunidade Islâmica de Lisboa ter reuniões conjuntas com a comunidade Bahá’í. Mais tarde, em Março de 1971, houve um encontro histórico na Figueira da Foz, onde estiveram representantes das comunidades Católica, Presbiteriana, Budista, Anglicana, Adventistas do Sétimo Dia, Muçulmana e Bahá’í. O tema era “Liberdade Religiosa, Liberdade Humana”. Assim, estivemos sempre na vanguarda desse diálogo. A continuação desta compreensão entre todos nós, crentes de várias confissões, é importante. Gostaria de deixar umas palavras de Bahá’u’lláh sobre a amizade e a concórdia, que constam das Escrituras da Fé Bahá’í: “Convivei com todas as religiões em amizade e concórdia para se inale de vós a doce fragrância de Deus”. Penso que isto resume o que temos vindo a fazer em Portugal, que é o que vamos continuar a fazer.

domingo, novembro 1

Olá como estás?

Perguntam-me todos como estou. Não sei que responder. Sei que ainda estou noutra dimensão.

Por isso, quando me perguntam como estou, apenas sorrio. Ou não respondo e sigo a conversa para outros caminhos.

O meu Pai

Um artigo do jornalista Pedro d'Anunciação, publicado a 23 de Outubro no jornal Sol.
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Em Paz

Mário Mota Marques

1942-2009 O português do Diálogo Inter-Religioso

Pedro d'Anunciação

Mário Mota Marques, um dos maiores protagonistas do diálogo inter-religioso em Portugal, membro da comissão que redigiu a Lei da Liberdade Religiosa, divulgador da comunidade Bahá'í, morreu quinta-feira da semana passada, aos 67 anos, de cancro no pâncreas.

Tornou-se conhecido também pelo papel que teve na introdução do ensino de várias religiões nas escolas portuguesas na segunda metade dos anos 90 (incluindo a Bahá), e ainda dos programas religiosos na RTP2.

Mário Simões da Mota Marques nasceu em Lisboa, numa família de classe média urbana mas com raízes profundas na província (até ao fim da vida, o seu refúgio era a quinta em Alvaiázere, onde se encontrava com parentela e gostava de praticar agricultura). Os pais, negociantes e viajantes, não praticavam religião, nem deram uma educação religiosa ao filho. Mário começou a sentir inquietações espirituais pelos 14, 15 anos. Aos 16, pediu para ser baptizado. Afinal, o catolicismo rodeava-o por todos os lados, no Portugal salazarista de então. Mas, segundo explicou agora um filho (Pedro Marques, jornalista da TVI), achou que uma religião em que a salvação se baseava em Jesus Cristo não podia ser universal, porque excluía todos os que sobre Ele não tivessem conhecimento. Tornou-se entretanto um estudioso das religiões. Começou por ler o Bhagavad Gita, dos hindus, mas diria mais tarde não ter encontrado ali resposta para as suas dúvidas. Ainda aos 16 anos, foi conduzido a um centro Bahá'í por um amigo músico. Esta amizade gerou um episódio bizarro: uma carta do amigo mencionava Bach, e a PIDE, mergulhada em teorias de conspirações, acreditou tratar-se de um código para bahá'í. Foram à casa onde Mota Marques vivia com os pais e esquadrinharam tudo. Para o antigo regime, Bahá'í equivalia a subversão. Mário Soares chegou a ser advogado dos seus membros nos anos 70. Da mesma forma que hoje é a Prémio Nobel Shirin Ebadi em relação aos perseguidos no Irão.

Mas Mota Marques encontrara em 1961 uma fé que o satisfazia.

A Fé Bahá'í surgiu na antiga Pérsia (ironicamente, hoje, os seus seguidores são perseguidos no Irão), fundada em 1844 pelo profeta Bahá'u'lláh, que se anunciou "mensageiro de Deus para a nossa era» - até aparecer outro "ainda mais magnífico". Crêem nos vários profetas das grandes religiões como partes do mesmo caminho (como os cristãos em relação aos judeus). A sua sede é em Israel, Haifa (onde está instalado o Conselho Mundial, eleito de 5 em 5 anos por representantes de todo o mundo), porque aí morreu e foi sepultado Bahá'u'lláh em 1892, depois de um exílio forçado pelos otomanos.

As escrituras que seguem foram deixadas por Bahá'u'lláh. Livro da Certeza, Livro das Leis, epístolas a crentes e cartas a reis da época. "A terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos" é talvez o ensinamento mais abrangente. E, como nos disse um bahá'í português, acreditam que depois da morte, "a alma continua a evoluir de outra forma". Não têm sacerdotes, mas conselhos locais, nacionais e internacionais eleitos, normalmente compostos por nove membros (Mário Mota Marques foi durante mais de 40 anos membro da Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá'ís de Portugal, Fideicomissário do Huqúqu'lláh - a Lei de Bahá - e membro do Conselho de Fideicomissários para o sul da Europa).

Actualmente, os bahá'ís assumem-se como a segunda religião mais disseminada geograficamente, depois do cristianismo: são 200 grupos étnicos, tribais e raciais em 235 países e territórios independentes.

Em Portugal, contam entre os crentes com duas figuras emblemáticas: Nelson Évora, o atleta que ganhou para Portugal a única medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, e o músico de origem iraniana Mazgani.

Mota Marques sempre cultivou simultaneamente a actividade religiosa bahá'í e a vida profissional (formou-se no Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa). Entre 1973 e 1975, já casado e com o primeiro de dois filhos, partiu para Angola como "pioneiro" (aquilo a que os católicos chamariam missionário).

Entretanto ia trabalhando em empresas com a Kodak, o cinema Londrs ou a cadeia de padarias Pão Doce - onde teve clientes tão célebres como Amália Rodrigues ou Mário Soares.

Soares, de resto, cruzou-se várias vezes na sua vida: a última como presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, de que Mota Marques era o secretário.

Fanático (se assim se pode dizer) do Sporting, cinéfilo, viajante por gosto e por serviço, amante do campo (não gostava apenas de cultivar os produtos da sua quinta de Alvaiázere mas também de os cozinhar, em almoços ou jantares de família e de amigos), foi apanhado pelo cancro do pâncreas em Março passado. Tarde demais, segundo o médico que o tratou. Teve representantes de todas as principais comunidades religiosas no seu enterro.