A carência de Domingo. No outro dia uma amiga – a Rainha da Sucata - falava-me dessa sensação tão usual de um dos dias que muitos querem evitar. É ao Domingo que começamos a pensar na semana de trabalho que chega, e na sempre complicada Segunda-feira, é ao Domingo que está tudo fechado, que as estradas de Sintra, Cascais e Sesimbra estão atulhadas, é ao Domingo que dedicamos tempo às coisas domésticas. E é ao Domingo que temos mais tempo para pensar, para olhar pela janela e meditar no vazio.
A carência de Domingo vem na ressaca da noite de Sábado. Muita festa, muita animação, dançar até doer os pés e o corpo, deitar muito tarde, quando os ponteiros do relógio normalmente marcam o despertar. E ressaca de uma noite em que não se conheceu ninguém, que não foi especial. Porque para muitos, ou talvez quase todos, o Sábado à noite, ou até mesmo a noite em si, é encarado como uma oportunidade para se encontrar o tal alguém que, mesmo que não se admita, se espera.
Diz-se que a meia-noite é a pior hora para os solteiros. É capaz. Mas parece-me que desaprendemos o estar só, o estar connosco, a sabedoria de criar os momentos divertidos só por nós mesmos, a inteligência de criar à nossa volta um halo de luz e de radiância que só atraia vibrações positivas e seja um bloco de aço para os pensamentos mais tristes e negativos.