Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

terça-feira, abril 29

Semana

É durante o sono mais profundo e mais doce que o despertador insiste em cumprir a sua função.

Fim-de-semana II

O vento pontua-me a cara com incontáveis bolas de água e sal. E assim me refresca.

Fim-de-semana I

Observar a luta diabólica entre a onda e o rochedo provoca sensações surpreendentemente de acalmia.

quarta-feira, abril 16

Raízes

A «Zefa espanhola». Era assim que chamavam a minha trisavó em Castelo Novo, aldeia histórica na Beira Baixa. Tinha raízes em Valladolid e já está combinado um fim-de-semana de investigação por entre as pedras e os papéis da História.

sexta-feira, abril 11

Reminiscências

E em 2005 recebo o prémio, uma pedra da calçada, no jantar de pós-graduação: «As cadeiras da sala de aula são óptimas espreguiçadeiras!» Bons tempos.

terça-feira, abril 8

Pensando

Conseguir pensar no vazio é cada vez mais um problema. Limparmo-nos do burburinho e da confusão pode ser tarefa bem complicada. Eu penso numa praia deserta, selvagem, coberta de bruma e mar negro polvilhado de espuma.

Estranho escape para quem gosta do Verão.

segunda-feira, abril 7

A gorda

Na semana passada fui ver a peça «A Gorda», no renovado Teatro Villaret. Poucas novidades no novo espaço, mas já que fizeram obras bem que podiam ter acentuado o desnível do anfiteatro, já que fiquei com uma bela torre ao meu lado, eu e a Andreia, sentada na cadeira seguinte.

Quanto à peça, tinha bastante curiosidade. Porque o título é sem dúvida apelativo, já que mexe com os nossos mais ocultos preconceitos, mas também porque há uns anos, na biblioteca de turma, lembro-me de ter lido um título algo do género que me ficou bastante na memória.

O enredo é simples: homem bonito, de sucesso, conhece miúda gorda e sem grandes atractivos. Contra todas as expectativas começam a conversar, marcam um jantar por brincadeira e acabam por iniciar uma relação. Tudo tranquilo até que o círculo de sucesso do homem descobre que a nova namorada é uma gorda. As gozações começam e sobem de tom até ao dia de um evento de praia, em que a namorada gorda, escondida dos outros até então, é apresentada à «sociedade».

Perante a pressão do sucesso e face à namorada gorda, o homem não hesita. «Podemos resolver isto...», quase que roga a namorada. «Não podemos!», grita o homem de sucesso. E fecha o pano.

A verdade é que continuamos muito presos a determinados padrões e normas. O que é diferente é posto de lado, e quando não deve-se a um trabalho de consciencialização que nos leva a aceitar as gordas deste mundo.

Enquanto não olharmos para todos, gordos ou magros, feios ou bonitos, homens ou mulheres, ricos ou pobres, com a mesma lente, definitivamente não vamos lá...