Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

sexta-feira, junho 27

A vida contida numa estrada

Numa destas noites regressava de uma festa de boas vindas ao Verão na praia do Guincho. O caminho era o de sempre, pela Estrada do Guincho e depois pela Estrada Marginal. Memórias de vários momentos foram chegando e partindo, conforme os quilómetros avançavam. Alguns dos pormenores mais importantes da minha vida estão contidos na Marginal e vão passando como várias telas numa galeria. No céu negro e nas estrelas ocultas pela claridade das luzes da cidade observei rostos e situações do passado, que teimam em não desaparecer.

O que estranho, até porque normalmente esqueço-me muito rapidamente das situações mais complicadas e fico apenas com as memórias positivas. E este esquecimento implica mesmo um desaparecimento total do que causou mossa. Radical, dizem-me. É verdade. Uma capa, uma protecção, uma máscara, o que seja, mas as coisas são como são.

As coisas são como são.

sexta-feira, junho 20

Andando

Todos os dias vou a pé para o trabalho e atravesso dois jardins. Quatro jardins diários no total. Hoje apeteceu-me que esse jardim não tivesse fim e eu apenas caminhasse indefinidamente.

quinta-feira, junho 19

Teach me Tiger

Teach me tiger
I would kiss you
Wa wa wa wa wah

Show me tiger
I'll would kiss you
Wa wa wa wa wah

Take my lips,
they belong to you
But teach me first,
teach me what to do

Hold me tiger
when I'm close to you
Wa wa wa wa wah

Help me tiger
I don't know what to do
Wa wa wa wa wah

I know that you could love me too
But show me first,
show me what to do
This is the first love,
that I have ever known
What must I do to make you my very own?

Teach me tiger
and I will teeease you
Wa wa wa wa wah

Tiger tiger
I wanna squeeze you
Wa wa wa wa wah

All of my love
I will give to you
But teach me tiger
Or I'll teach you

Tiger... Tiger...

April Stevens

domingo, junho 15

É o que se leva

Estão a chegar ao fim as férias e volta em mim aquele sentimento do último mergulho no mar do Algarve na infância.

Apesar de tudo os músculos do pescoço já não estão tensos e duros como pedra como é costume. Por pouco tempo já que na segunda-feira a rigidez deve voltar.

Apesar de serem férias, duas semanas, o trabalho foi um pensamento constante. Pela situação instável que se vive, pelos ecos muitas vezes negativos que me chegaram, enfim, deu para pensar em muita e muita coisa. A eterna pergunta: será que é mesmo isto que eu quero fazer? Custa-me estar longe da terra, das árvores, da Natureza. É doloroso viver de e para o relógio, para a contagem dos minutos que implacavelmente esquartejam o dia.

Mas deu sobretudo para perceber que nem todos são bonzinhos, e aliás até poucos o são; nem todos são bonzinhos como me ensinaram desde que nasci. Mais um mês e uma nova fase vai arrancar. As dúvidas vão persistir mas até lá espero que vibrem mais alto as memórias destas férias de sol e mar e praia e areia e finais de tarde tão fantásticos.