Os pontos finais que eu decido
Num dos últimos filmes que vi uma das personagens encontrava-se na sala com o pai, velho e doente. A determinada altura levanta-se e aproxima o ouvido do coração do pai. Sentiu que ele morreu e, por medo, por fraqueza ou por pânico quis verificar se o seu coração ainda batia e os seus pulmões ainda produziam oxigénio. Mas não. A vida tinha expirado.
Acontece-me muitas vezes, quando alguém está a dormir ao meu lado. Tenho medo que morram ao meu lado. Tenho medo do fim físico dos outros. Sinto-me responsável se isso acontecer. Eu estava lá e não pude fazer nada. Afinal não gosto de pontos finais. Só daqueles que eu decido.