Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

segunda-feira, julho 10

As duas faces

As duas faces. Em tudo na vida temos duas faces. Situações, opiniões, relações, argumentos, factos e contradições. Quando algo termina dói, magoa, faz ferida e deita sangue. Mas mais doloroso que todas estas reacções é o facto de não percebermos o porquê, o de não nos conseguirmos colocar no lugar do Outro, enfim, não conseguirmos entender a outra face. E quando fazemos o caminho espinhoso rumo ao Outro muitas vezes deparamo-nos com um bloco de gelo. Por orgulho, por insatisfação, por limitação, nossa ou do Outro, as coisas terminam definitivamente. Não há regras, não há trilhos seguros e correctos, há conhecimento e sabedoria, que se moldam e mudam conforme os tempos e as pessoas.

Sensações marinhas

Um fim-de-semana só de praia trouxe ao de cima sensações marinhas. A sensação quente da pele depois de um dia de sol abrasador, o choque inicial com o frio da água do mar, a areia fina que escapa por entre os dedos, a pele tostada antes do almoço.

Será que chega?

«E procuras?»

Depois da pergunta «Já arranjaste emprego?» existe ainda uma pior, que parece ter virado moda ultimamente: «E procuras?»

segunda-feira, julho 3

Para depois começar de novo

«Como sem dúvida consegues imaginar, muitas vezes dizemos, no nosso desespero:
- Porquê esta guerra? Oh, porque é que as pessoas não conseguem viver juntas em paz? Porquê toda esta destruição?

A pergunta é compreensível, mas até agora ninguém conseguiu encontrar uma resposta satisfatória. Porque é que a Inglaterra está a fabricar aviões e bombas maiores e melhores, e ao mesmo tempo casas novas para reconstrução? Porque é que se gastam milhões na guerra todos os dias, enquanto não há um tostão disponível para a ciência médica, os artistas ou os pobres? Porque é que as pessoas têm de morrer à fome quando há montanhas de comida a apodrecer em outras partes do mundo? Oh, porque é que as pessoas são tão loucas?

Não acredito que a guerra seja simplesmente obra dos políticos e capitalistas. Oh, não, o homem comum é igualmente culpado; se assim não fosse, as pessoas e as nações há muito que se teriam rebelado! Há nas pessoas uma ânsia destrutiva, a ânsia da cólera de assassinar e matar. E, até que toda a humanidade, sem excepções, passe por uma metarmofose, as guerras continuarão a ser travadas, e tudo o que foi cuidadosamente construído, cultivado e o que cresceu, será cortado e destruído, para depois começar de novo!»

Anne Frank, Diário de Anne Frank