Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

domingo, outubro 22

Green camp

Há uns anos que ando a pensar nisto: o que eu gostava mesmo mesmo de fazer. Não me apetece passar a vida em escritórios, em frente a computadores, a mexer em máquinas e a viver em função delas.

Gostava de um dia poder apostar numa quinta de agricultura biológica, com uma quinta pedagógica para escolas primárias, uma escola agrária profissional ou de ensino superior, um restaurante com produtos também biológicos, um supermercado do género e ainda uma hospedaria de apoio a todas estas actividades. À semelhança do acontece no surf, aqui gostava de um dia ter um Green Camp.

É só festa

Ando há anos à procura de uma discoteca com vários andares, cada um com ambiente e música de época. Anos 50, 60, 70, 80, 90 e 00. Ora aqui está uma excelente ideia de negócio.

E piscinas abertas fora d’horas? Por vezes apetece dar um mergulho a meio da noite.

E já que estou numa maré de pedir, drive-ins em Lisboa? Tirando o Optimus Open Air, cinema ao ar livre, porque não apostar num drive-in a sério, a funcionar ao longo do ano, sempre que a chuva o permitisse?

Ou ainda discotecas em grandes espaços antigos, palácios, igrejas, conventos, com tectos altos.

E também cinema a várias horas, não apenas aos horários estanques das 17h, 19h, 21h e 00h. O filme podia ir variando o horário a cada semana, para dar oportunidades a todos, àqueles que preferem ir às 20h ou aos outros que dá mais jeito às 23h.

Let’s boogie.

To end the night with

E sabe tão bem passar pelas padarias a seguir uma noitada… Abençoadas sejam as casas dos bolos e do pão com chouriço de Lisboa, em Campo de Ourique, na Ajuda, no Bairro Alto, na Praça do Chile, na Avenida João XXI e na Avenida Defensores de Chaves. Havia também na Mouraria e em Santos, mas não sei ainda funcionam. Quem conhecer mais que partilhe a informação… E viva a bola de Berlim, o palmier recheado, o pastel de nata, o pão com chouriço e o croissant com doce d’ovo.

sexta-feira, outubro 13

Fácil de entender

The Gift - Fácil De Entender

Talvez por não saber falar de cor, imaginei
Talvez por saber
o que não será melhor, aproximei
Meu corpo é o teu corpo,
o desejo entregue a nós...
sei lá eu o que queres dizer.
Despedir-me de ti, "Adeus, um dia, voltarei a ser feliz."

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor
não sei o que é sentir.
Se por falar, falei,
pensei que se falasse era fácil de entender.

Talvez por não saber falar de cor, imaginei.
Triste é o virar de costas, o último adeus
sabe Deus o que quero dizer.

Obrigado por saberes cuidar de mim,
tratar de mim, olhar para mim...
Escutar quem sou
e se ao menos tudo fosse igual a ti...

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor
não sei o que é sentir.
Se por falar, falei,
pensei que se falasse era fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor
não sei o que é sentir.
Se por falar, falei,
pensei que se falasse era fácil de entender.

É o amor que chega ao fim.
Um final assim,
assim é mais fácil de entender...

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor
não sei o que é sentir.
Se por falar, falei,
pensei que se falasse é mais fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor
não sei o que é sentir.
Se por falar, falei,
pensei que se falasse era fácil de entender.

terça-feira, outubro 10

The others

Os outros Tigres... Hoje vou falar sobre eles e a razão que os leva a estar na minha pequena lista aqui ao lado. Espero que não se importem.

Com os olhos em bico – É a Sofia, Alice no País das Maravilhas, que agora deu uma de nómada e foi viver para Macau. Como onde quer que esteja, está a brilhar e a dar-se muito bem pela terra do Stanley Ho. O blog dela é para dar notícias sobre as patacas, mas a Sofia anda muita preguiçosa eheh

Mr King – O Luís. O Luís é um dos meus grandes amigos. Ele escreve, escreve muito, mas publica muito pouco. Vá lá, toca a partilhar esses pensamentos do rapaz moderno no meio das babes ;-)

Safira – A Catarina. A Catarina com os olhos cor de safira verde, brilhantes e cristalinos. O nome do blog diz tudo «As coisas boas da vida». A Catarina é da Cova da Beira, lugar mágico onde estão algumas raízes da minha família.

O Estranho Mundo do Ricardo – O Estranho Mundo de Jack. A vida do Ricardo dava um filme do Tim Burton. Passear pelo blog dele é como se andássemos por um filme do David Lynch. E de vez em quando sabe muito bem sair da realidade visível.

Patita – Esta miúda é imperdível! Não há tristeza ao lado dela. É rir, rir, rir e ainda rir mais um bocadinho. Quem não a conhece está a perder uma parte importante da vida.

Bindocas – É mais uma tia emprestada, até porque a minha família não é nada tradicional. Cores, sentimentos e muita esperança podemos encontrar n'a Sonhadora.

Mel com requeijão – A abelhinha não conheço pessoalmente, mas acho muita piada às suas ferroadas.

O Navegante – Mais um desconhecido conhecido através do blog. Os textos dele, embora raros, são muito densos e ricos. Dão a sensação de um mergulho pelo mar profundo, escuro pela profundidade, brilhante pelos corais.

Rita Matutano – A batata frita diz umas coisas bem engraçadas. É giro ver como a outra metade da Humanidade vive e interpreta o mundo.

Simplesmente Lu – A Luísa é o protótipo da mulher para a frentex, despachada, directa, franca, honesta e muita justa. É uma excelente companhia mas que tem andado desaparecida. É o trabalho que obriga...

Cabeças gigantes – Os polacos andam por aí... Cuidado... A Koto, um dos vértices deste tridente, é a chefe que todos nós gostaríamos de ter. Quem sabe o tempo não volta para trás...

Abraçar a Paz – Mais um blog para manter o contacto com o outro lado do planeta, neste caso com o Chile e com a Vanda, a minha família mais distante. Agora não é só a Vanda, mas também as minhas duas sobrinhas e o Tiago, um cunhado/irmão. Quando voltam cá?

O spot do Hugo – O nigga aqui da vizinhança. As suas histórias de jiboianço são para ler e reflectir.

Johny no escurinho do cinema – O João, mais conhecido por Caldas devido ao seu patriotismo local, era o meu melhor amigo durante a faculdade. Tem vários sítios na net mas escolhi este em que ele fala de uma das suas paixões, o cinema.

O Boato – Este rapaz é um génio, e mais não digo. Leiam.

Inês aos trambolhões – Que dizer da Inês... Tem estado ao meu lado desde há quase sete anos e assim vai continuar. O blog dela é uma surpresa. São textos do fantástico e do surreal que nos transportam sem darmos por isso para outros universos. Nota vinte.

Maluco do Sueco de novo 'tuga – Outro nómada, que de Alcobaça veio para Lisboa, de Lisboa para a Suécia e agora parece que ninguém o pára. É ele e os Gift.

Cidadão do Mundo – Washington Araújo. Jornalista, pensador, ser humano, uma das pessoas mais mágicas que conheci. Um brasileiro cuja pátria é a Humanidade.

La Luna Nera – A Deia, Seven Girl, Madalena, Night Woman, esta mulher ilustra a música «I'm a million different people». O blog da Andreia parece a sua sala-de-estar, onde recebe, confortavelmente, os amigos.

Causa Nossa – Pensar e reflectir. Tenho o privilégio de conhecer quatro dos bloggers da Causa e é leitura quase obrigatória.

A pipoca mais doce – Fun, fun, fun. Temos de entrar no espírito e depois é só gargalhar.

Quirólogo – Senhor dos Anéis Um

Elfo Verde – Senhor dos Anéis Dois

Povo de Bahá – Para quem se interessa pelo fenómeno religioso. Este bahá'í português reflecte, analisa e medita sobre questões que orientam a Humanidade e sobre o que se passa no mundo e sobretudo sobre a influência que as religiões e a relação com Deus têm sobre os homens.

Mulheres na Nova Era – A Mulher ocupa um papel central na Religião Bahá'í. É ela a principal Educadora dos filhos, e portanto responsável pela geração vindoura. Bahá'u'lláh, o fundador da Religião Bahá'í, comparou a igualdade de direitos e oportunidades entre o Homem e a Mulher a uma ave, em que uma asa representa o Homem e a outra a Mulher. Para que o pássaro da Humanidade possa voar de forma constante e equilibrada é necessário que ambas as asas estejam em igual funcionamento e possam desenvolver as suas capacidades.

Momentos de Luar – Este blog cheira a orvalho, cheira à brisa da manhã e às pétalas das flores. Ao longe ouvimos as sonoridades dos anjos e na pele sentimos os beijos dos raios do sol.

Adágio Segundo

«Saberemos cada vez menos o que é um ser humano»

O Livro das Previsões

Adágio Primeiro

«Aquilo que um dia pudeste ter, porque também para ti esteve guardado, não o soubeste no tempo certo»

O Livro Novo dos Exemplos

segunda-feira, outubro 9

The world is mine

I believe in the wonder,
I believe this new life took in,
like a God that I'm under,
there's drugs running through my veins,
I believe in the wonder,
I believe I can touch the flame,
there's a spell that I'm under,
got to fly, I don't feel no shame.

The world is mine,
The world is mine,
The world is mine,
The world is mine.

Take a look what you've started,
In the world flashing from your eyes,
and you know that you've got it,
from the thunder you feel inside,
I believe in a feeling,
of the pain that you left to die,
I believe in the livin'
In life that you give to try.

The world is mine,
The world is mine,
The world is mine,
The world is mine,
mine,
mine,
The world is mine.

I've lost my fear to what appears,
I do my best,
the world is mine,
you take the price and realise,
that's in your eyes,
the world is mine,
I've lost my fear to what appears,
I do my best,
the world is mine,
you take the price and realise,
that's in your eyes,
the world is mine.

The world is mine,
The world is mine

David Guetta

Caranguejo ao pequeno-almoço

Acho piada à fila de pessoas que se forma em frente ao Pingo Doce de Campo de Ourique em todas as manhãs, um amontoado de gente à espera das nove horas para comprar sabe-se lá o quê. Assim nem preciso de olhar para o relógio para saber se estou ou não atrasado para o emprego, ali ao virar da esquina.

Curiosamente, ao lado do Pingo Doce, há uma Casa das Sandes, já aberta antes do supermercado. Nunca passei por lá com aquilo fechado. Será que há quem coma uma sanduíche de delícias o mar às oito e meia da matina?

sexta-feira, outubro 6

Fases da lua

Desafios. A vida é feita de desafios. Quando eles não surgem sentimo-nos murchar como uma planta que não apanha sol e que não é regada. As folhas começam a ficar amarelas, as raízes começam a secar, a terra que nos rodeia começa a quebrar e a abrir fendas. À nossa volta tudo parece verde e cheio de vida, brilhante e resplandecente, ao mesmo tempo que um abismo enorme se nos abre à frente, rente aos nossos pés. E depois só nos apetece voar para longe, bem longe, não parar, dar a volta ao globo, e mais uma, e mais uma, e mais uma...

Quero ser uma onda na maré revolta e ao mesmo tempo calma, quero nascer, subir, caminhar quilómetros, rebentar, espraiar-me e invadir a areia e fazer tudo de novo, incansavelmente. Não quero parar e estagnar. Quero desafiar-me e que me desafiem, constantemente, quero puxar por mim, quero que puxem por mim. Quero ser o magma incandescente, quero ser a lava que borbulha nos vulcões.

Sinto-me tão pequeno perante todos aqueles que acreditam em mim.

quarta-feira, outubro 4

Espaços antigos

Ontem surgiu a oportunidade de visitar um antigo local de trabalho, agora encerrado e vazio. O caminho para lá foi um misto de tristeza e excitação. Quando entrei, uma nostalgia escura e nebulosa pôs-me os pensamentos a girar às risquinhas cinzentas, pretas e brancas, como no final das emissões das televisões de há uns anos atrás, antes do fenómeno das televendas (por vezes o programa mais cómico da televisão) e da programação 24 horas por dia. Flashes circularam a velocidade super sónica, vozes, gritos, noites longas, satisfações e frustrações. Mas agora tudo estava vazio. Não havia secretárias, não havia televisões, não havia armários, não havia jornais espalhados por todo o lado. Tudo o que sobrou foram fios soltos e a marca das divisórias no chão. E, num dos cantos, o local onde estava a secretária à qual eu me costumava sentar. Pelo ar pareciam pairar as caras das pessoas que ali trabalharam e flutuavam as vozes de quem já lá não estava. Fiz o luto e o enterro que ainda não tinha feito. Mais uma porta que se fechou, definitivamente.

segunda-feira, outubro 2

A vida como é de(vida)

Para quem anda à procura de emprego cada dia e cada experiência podem revelar-se uma autêntica saga aventureira. O meu último mês foi assim. Entre vários acidentes de percurso, que apesar de tudo foram mais duas lições de vida, estão em plano de destaque duas situações. A primeira foi num call-center, num período de formação.

Desde uma simpatia sebosa e serviçal que, por lavagem às células cinzentas, tentam incutir nos futuros colaboradores «Se me permite por favor… será que posso partilhar o seu oxigénio, com a sua licença?» a pontapés nas canelas doridas da gramática e da ortografia dos manuais distribuídos, este call-center (e preusmo que os outros todos) é a verdadeira comédia. Um dos formadores devia possuir uma verdadeira embirração com os acentos, já que raramente lhes dava uso. «Com certeza», para este nosso amigo, virava «Concerteza», tal como «Bem-vindo» deve tornar-se «Benvindo» e aí por diante. Mas a pérola das pérolas estava guardada para o fim. O galardão para a frase do ano é… (para o cliente) «Como posso ajudá-lo a pensar melhor por favor?» Brilhante, no mínimo.

Outra experiência passou-se numa loja de calçado. Já tinha a noção de que esta situação se passava, mas nunca a tinha vivido na pele. O horário de trabalho nste local compreendia oito horas por dia, em seis dias por semana. Ou seja, fazendo as contas, isto dá… 48 horas semanais. Basta uma consulta rápida ao Código do Trabalho para verificarmos que estão previstas até 40 horas por semana, em regime normal. Este limite pode ser ultrapassado, desde que as horas extra sejam consideradas como tal e pagas num regime especial. Ora isto não estava a acontecer. E o mais supreendente, pelo menos para mim, é que a maior parte dos meus colegas não estava a par dos seus direitos, e aqueles que conheciam a legislação sujeitavam-se sem reclamações. Nos nossos dias o homem aceitar ser explorado pelo homem, em silêncio.

Utópico, chamam-me muitas vezes. Quase sindicalista, agitador, e por aí fora. Não me revejo nesta sociedade que caminha para o esgotamento em si mesma a passos largos, em que as pessoas optam por trabalhar horas a fio, até ao quase limite físico. E para quê? Para uma conta (mal) recheada ao final do mês, por um lado, a que se junta um corpo cheio de dores, um cérebro esfrangalhado e uma vida em sofrimento, por outro?

Utópico sim. Concordo com a idea do ex-primeiro-ministro sueco, derrotado na passada semana, das seis horas de trabalho diário, em vez das oito actuais. Simpatizo com o esboço de iniciativa da deputada Helena Pinto, do Bloco de Esquerda, da semana de trabalho de quatro dias. Porque não nos devemos matar a trabalhar. Só quando o dinheiro deixar de valer tanto poderemos alterar o estado de sítio para o qual caminhamos. Não é o medo de trabalhar que me leva a tais pensamentos, mas sim um desejo de aproveitar a vida como é de(vida). Além disso, em seis horas de trabalho será não podemos fazer o mesmo que em oito? Não será uma questão de melhor organização de tempo e de tarefas? E o mesmo não se aplicará a quatro dias no lugar de cinco de trabalho?

Alcatrão

As luzes ofuscantes do painel de bordo, sob o fundo negro, apontam quase a uma da manhã. O barulho do ar cortado rente como uma lâmina invade os ouvidos. Lá em baixo, as riscas brancas, entrecortadas, rasgam o chão preto. Vamos depressa, muito depressa. Mas parece que nunca mais chegamos ao destino. Será que estamos congelados no tempo? Ou será que o espaço, pegajoso, nos prende ao chão?