Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, maio 17

A ignorância que por aí anda

Lisboa está a ser invadida por vacas. É o Cow Parade 2006. Artistas, conhecidos ou não, foram chamados a colorir cada um dos 100 animais que se encontram espalhados pelas ruas e praças da cidade. Parece é que uma delas já não está completa... No coração de Lisboa, no Rossio, a vaca piu-piu, assim apelidada por ter galinhas no seu dorso, viu, durante a noite, serem-lhe arrancados os galináceos. Continuam a existir muitos ignorantes por aí.

E esta hein?

Consta que alguns deputados europeus queriam que o Irão fosse afastado do Campeonato do Mundo de futebol na Alemanha, a realizar no Verão. Será que estes «iluminados» crêem que todos os iranianos são como o Bin Laden? Pela mesma linha de raciocínio todos os americanos seriam tão idiotas quanto o seu presidente Bush...

domingo, maio 14

Multas, multas, multas

Mais uma medida restritiva do governo Sócrates. Agora são as bandeiras nas zonas balneares. Tomar banho com vermelha ou nadar com amarela dá direito a multa, a começar nos 50 e poucos euros e a terminar nos mais de mil...

Na sua essência a ideia é boa. O objectivo é evitar mortes estúpidas por afogamento. Mas é preciso ser tão rígido? Tomemos o exemplo das auto-estradas. O limite é, como sabemos, de 120 quilómetros por hora. 120 são mais que suficientes em auto-estradas com muitas curvas, de montanha. No entanto, alguém crê que numa auto-estrada quase completamente recta, como por exemplo a A6, que liga Marateca a Espanha, essa marca não seja perigosamente sonolenta? É preciso saber jogar com as situações.

Ao ser humano foi dada capacidade de raciocínio e avaliação, e isso o distingue dos restantes animais, pelo que não cabe aos governos tratá-lo como um ser desprovido de razão. Porque qualquer dia, como alguém disse e muito bem, é proibido ir para a praia entre as 12h e as 16h, e quem o fizer vai enriquecer ainda mais os depauperados cofres do Estado.

A inocência já morreu de velha

Depois de um dia passado na praia, no regresso a casa quase ao cair do pano sobre o sol, diálogo no carro:

- Estou cheio de fome, diz o condutor
- Tenho aqui uma sandes. Toma! Eu nem sequer vou comê-la...

O que parece à partida um acto de solidariedade e de generosidade pode ser, se analisarmos de uma forma mais profunda, um acto de simpatia encapotada. Sim, o amigo está com fome, sim, x vai dar a sua comida a y, mas, mas, só porque x já não tem fome e não vai comer a respectiva sandes. Porventura o verdadeiro gesto seria dar a sua comida, mesmo tendo fome, ou partilhá-la para que todos pudessem saciar um pouco as suas necessidades. Mas a inocência já morreu de velha.

O que interessa neste caso não é a sandes ou o gesto em si próprios. É uma reflexão sobre o facto de muita solidariedade que anda por aí existir porque verdadeiramente não custa a quem a pratica.

quinta-feira, maio 11

«Tens o calor da terra nos olhos, tens o amor nas mãos»

Porque não é todos os dias que escrevem um poema sobre nós...

Pedro

Como eu
Vejo-te, como eu
Porque és como eu
Carente, como eu
Só, como eu
Insatisfeito, como eu
Exigente como eu
Tu sonhas, como eu
Mas reages, como eu
E procuras, incessante
Buscas no horizonte
Unes-te no telúrico e voltas sozinho, como eu
Ilibado e consternado
Despojado, arrastado, levado, excruciado, mal amado e desolado
Só, como eu
És lindo, és vida e mar
Tens o calor da terra nos olhos, tens o amor nas mãos
Tens o mundo às costas e é um fardo pesado e só
Mas como eu, tens de o carregar
De o disfrutar no desalento da dor
Entre o suor, o sangue, as lágrimas
O pesar, o medo, o terror, o pânico, a incerteza e a eterna dúvida
Até chegar um dia melhor
Em que o sol brilhe e sejas feliz
Feliz como um dia o espero ser
E te ver.

ACC, Maio de 2006

Coisas de miúdos...

Quando a lua acordar
Coisas que a vida tem
Vai-se o mundo deitar
E tu também

Ai quem me dera ir
Dentro do sol doirado
Nunca ter de dormir
E só brincar

E milhões de aventuras viver
Com as estrelas no céu a correr
E à Terra apenas voltar
Se eu quiser

Vitinho II

segunda-feira, maio 1

Mais uma estupidez do Bush...

Vai ser lançado na próxima sexta-feira «Nuestro Hino», versão espanhola do hino norte-americano «The Star Spangled Banner», que visa assim dar voz aos milhões de hispânicos que vivem e trabalham nos Estados Unidos. Comentário do iluminado George Bush: «As pessoas que querem ser cidadãos deste país devem aprender o inglês e aprender o hino nacional em inglês». Mais uma estupidez que não nos surpreende...