Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, dezembro 31

Os últimos grãos da ampulheta

Já falta pouco.

E já que vão ser mais 525.600 segundos, ou 525.601, conforme as perspectivas da coisa, mais vale levar a bem do que a mal.

Até para o ano.

sábado, dezembro 27

Tempo

E se todos os relógios desaparecessem da Terra? Os pulsos ficassem nus, as paredes vazias e os telemóveis sem sinal. Será que podíamos recuperar o tempo? E o tempo que perdemos a encontrar todos os relógios, se é que os podemos encontrar, seria perdido para sempre?

Será que nos conseguíamos continuar a orientar pelo mundo, ou passaríamos a deambular pelas esquinas e pelas nuvens, sem horas para saber onde estávamos?

Será que eu continuaria saber que era eu, e tu continuarias a saber que eras tu?

E se todos os relógios desaparecessem da Terra?

domingo, dezembro 21

Donde Esta Santa Claus

Mamacita, donde esta Santa Claus?
Donde esta Santa Claus?
And the toys that he will leave.
Mamacita, oh, where is Santa Claus?
I look for him because it's a Christmas Eve.

I know that I should be sleeping,
But maybe he's not far away,
Out of the window I'm peeping,
Hoping to see him in his sleigh.

I hope he won't forget to clack his castinet,
And to his reindeer, say,
Oh! Pancho, Oh! Vixen, Oh! Pedro, Oh! Blitzen,
Ole! Ole! Ole! cha cha cha.

Mamacita, donde esta Santa Claus?
Oh! Where is Santa Claus?
It's Christmas Eve.
Mamacita, donde esta Santa Claus?
I look for him because it's Christmas Eve.

I know that I should be sleeping,
But maybe he's not far away,
Out of the window I'm peeping,
Hoping to see him in sleigh.

I hope he won't forget to crack his castinet,
And to his reindeer, say,
Oh! Pancho, Oh! Vixen, Oh! Pedro, Oh! Blitzen,
Ole! Ole! Ole! cha cha cha.

Mamacita, donde esta Santa Claus?
Oh! Where is Santa Claus?
It's Christmas Eve.
It's Christmas Eve...

sexta-feira, dezembro 19

O Senhor Tango

Parecia que estávamos de novo em Buenos Aires. Numa cave com janelas, o ambiente a muito média luz, um piano, mesas e cadeiras de madeira espalhadas pela sala de colunas, rostos vários e roupas coloridas e escuras, novos e velhos, uma senhora matrona que se destacava como as donas dos bordéis antigos, pesadamente instalada no seu trono. E música, acordes de tango que dominavam a sala e todos os ouvidos. Casais que rodopiavam ao som de Gardel, quase sem tocar no chão de pedra. Pernas envolvidas num jogo de sedução e de luta, pescoços inclinados como símbolo de poder e de domínio. Apesar do ambiente de festa e de descontração o tango impunha respeito, como dança maior espírito de uma música maior. Porque os casais que rodopiavam estavam envoltos numa atmosfera de sabedoria e num quase transe, fruto de uma aprendizagem que nós não temos. E assim, respeitadores, abandonámos a cave com janelas a muito média luz e seguimos pela noite fria em busca de outros ambientes.

terça-feira, dezembro 16

Jardim

O pato saíu do lago. Abandonou as águas escuras, o relvado cheio de penas dos outros iguais, e quem sabe dele próprio, saltou por entre as canas e ultrapassou a cerca de ferro pintado de verde. Atreveu-se a atravessar a rua do jardim feita de betão misturado com pedra e brita e lá seguiu. Se calhar atreveu-se porque não sabia sequer o que estava a fazer e nem percebeu que não era suposto fazê-lo. Apenas seguiu o instinto e continuou em frente.

Passo a passo, os pés unidos pela membrana patal, amarinhou pelas colinas do jardim e por lá andou, a debicar milho e pão com os amigos pombos, a jogar às cartas com os velhotes nas mesas de pedra na porta norte, a desafiá-los para uma competição de malha, a tricotar ao lado das avós que vigiavam os netos nos escorregas e nos balancés, a folhear os livros e a mergulhar nas histórias inventadas ou reais dos contos da biblioteca no coração do jardim, a tocar com músicos imaginários no coreto central, a beber um café que já não existe e a ler os jornais de sábado de manhã com os vizinhos das redondezas e por fim a correr com os alunos de desporto das escolas ao lado do jardim.

E ao fim do dia voltou ao lago e contou tudo aos colegas patos. Que não acreditaram, claro.

sexta-feira, dezembro 12

Desafios

I want to be the heater of the Sun

Are we human? Or are we dancer?

I did my best to notice
when the call came down the line
up to the platform of surrender
I was brought but I was kind
and sometimes I get nervous
when I see an open door

close your eyes, clear your heart

cut the cord
are we human or are we dancer
my sign is vital, my hands are cold
and I’m on my knees looking for the answer
are we human or are we dancer

pay my respects to grace and virtue
send my condolences to good
give my regards to soul and romance
they always did the best they could
and so long to devotion, you taught me everything I know
wave good bye, wish me well

you gotta let me go
are we human or are we dancer
my sign is vital, my hands are cold
and I’m on my knees looking for the answer
are we human or are we dancer

will your system be alright
when you dream of home tonight
there is no message were receiving
let me know is your heart still beating

are we human or are we dancer
my sign is vital, my hands are cold
and I’m on my knees looking for the answer

you’ve gotta let me know
are we human or are we dancer
my sign is vital, my hands are cold
and I’m on my knees looking for the answer
are we human
or are we dancer

are we human or are we dancer
are we human or are we dancer

sexta-feira, dezembro 5

Cinematógrafo

Sabe bem sentir-me estrangeiro em Lisboa, ouvindo diálogos de França, Espanha ou Itália, escondido debaixo de um alpendre de heras na Bica. Como se de um filme se tratasse, o som directo e acidental acaba por ser a trama central de um conversa de silêncios.

quarta-feira, dezembro 3

«100 regras para ter sucesso»

O livro que me estendeste chamava-se qualquer coisa como «100 regras para ter sucesso» ou algo muito parecido.

«- Isso é para ti, que és muito norte-americano» - saíu-me, mais ou menos sem pensar. SEmpre me considerei muito europeu, em tudo, e acho que sempre vai ser assim. Já explicar exactamente o que é ser europeu é mais complicado. É talvez observar algo tipicamente norte-americano, com as receitas para o êxito, e saber logo que aquilo não é para mim nem para um tradicional europeu. É não achar que tudo o que vem do outro lado do Atlântico é bom, como o mago da informática, o génio da gestão, a varinha mágica da Economia ou o sacrossanto do Obama.

segunda-feira, dezembro 1

Já fizeste a tua árvore?

Luzes da sala todas acesas, música de época, as caixas todas empilhadas e o espaço livre, dia 1 de Dezembro, já manda a tradição, é dia de fazer a Árvore de Natal.

E já está feita.

Começa também o advento. Lembro-me bem de uma tradição cá em casa que não sei se era comum aos outros meninos, a do calendário do advento. A 1 de Dezembro os meus pais penduravam no meu quarto um painel de pano com 24 saquinhos com todos os dias até ao Natal. Em cada um deles estava um pequeno presente (um rebuçado, um carrinho, um afia-lápis), um saquinho por dia. A primeira coisa que fazia quando acordava era ir ver o presente do dia, num crescendo de expectativa até ao Natal.

Hoje o que mais interessa é a família toda junta e não as ofertas mas penso que o advento de um presente por dia ajudou a cimentar a magia que é o Natal para as crianças e depois a mantê-la já mais crescido.

Portugal, Brasil, Chile

Já sentia falta de comprar bons livros numa tarde gelada de quase Inverno no Chiado.

- Luís Sepúlveda e A lâmpada de Aladino;
- Machado de Assis e Contos;
- José Saramago e A viagem do Elefante.

Letras de qualidade do Chile, Brasil e Portugal reunidas.