Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, março 4

Os moderninhos - II

Vivemos numa época em que o minuto que passou é já pré-história. Todos querem ser mais rápidos, ter mais depressa, ultrapassar antes de todos. E ficarem frustrados, descontentes, insatisfeitos, a um ritmo cada vez mais alucinante. Não há tempo para saborear o momento nem para criar ansiedades e expectativas. Já não temos que ir ao cinema para ver filmes, já não temos que esperar que a nossa canção do momento passe na rádio ou na televisão (ou até comprar o cd), já não temos que esperar pelas cartas e pelas fotografias dos nossos amigos e família. É tudo automático e instantâneo, e por isso mesmo descartável. E este tempo que não existe e que não se dá tempo a si mesmo mata o encanto de esperar e depois de dar valor quando o objectivo pelo qual se esperou chega. E se calhar por isso anda tudo muito frustradinho e entendiado, porque as coisas se esgotam num ápice. Não me importa nada que me chamem velho, chato e cinzento, mas não quero ver séries no computador, não quero saber as novidades pelo Facebook ou pelo Skype, não quero saber das fotografias sobre o que se vai comer ao almoço/jantar ou a que horas se foi ao ginásio. Deixem-me estar no meu mundinho que acham retrógado e divirtam-se a brincar aos robots, às apps e aos drones.

segunda-feira, março 2

Porcos na estrada

Num acesso irreflectido logo pela manhã, ao sair de casa, estava a atravessar a rua pelo meio da fila de carros e uma senhora deitou a beata do cigarro pela janela. Virei-me e disse-lhe: ‘Que grande porcaria, pelamordedeus’ e apontei para a beata. Segui o caminho meio envergonhado mas depois cheguei á conclusão que quem devia ter vergonha era a senhora. Ela e todos os que deitam as beatas de cigarro para o chão, mas também os papéis, os caroços de fruta e outras porcarias. Se calhar uma fiscalização apertada e não uma fiscalidade verde (que como é óbvio os tugas conseguiram contornar) não seria mal pensada. Educavam-se os bárbaros e sacavam-se mais uns impostos.