Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quinta-feira, junho 29

Remédios SA

Medicamentos, comprimidos, pastilhas, gotas, loções, cremes... Frascos, embalagens, de vidro e de plástico, etc. e tal. Será que há limites para tentar limitar a dor? Porventura são os 25 anos a falar, mas será que quando for mais velho não tenho de aprender a viver com a dor? Saber que não há cura para tudo, que os médicos não são milagreiros e que o corpo não é uma máquina sem falhas?

E viva Portugal!

Portugal está a fazer boa figura no Mundial. O país parece estar, de alma e coração, com a selecção. Até há quem caia da estátua do Marquês de Pombal devido a tão entusiástico apoio. Tudo muito bem, tudo muito correcto e animador. Mas os senhores comentadores da SIC deviam ter um pouco mais de calma. Entre eles Humberto Coelho, para quem Portugal faz tudo bem, todas as jogadas são maravilhosas e todos os jogadores fantásticos. A selecção é tão brilhante que cega os comentadores ao ponto destes se esquecerem de assinalar o facto do Figo ter recebido um amarelo no último jogo com a Holanda, devido a protestos. Dos três relatores, nem um deu pelo caso... O apoio é tanto que até tolda os espíritos.

Onde estão eles?

Quando o trânsito em Lisboa está impossível, e ultimamente isso acontece cada vez mais, a rádio transforma-se num precioso auxiliar de matar tempo e acalmar de ânimos. Nessas alturas apetece ouvir música portuguesa, com melodias bem construídas e harmoniosas. Rui Veloso, Sérgio Godinho, Mafalda Veiga, Luís Represas, só para nomear alguns. E onde estão eles? Na TSF e Antena 1, rádios de carácter mais informativo. Antena 3, Mega FM, Best Rock e companhia, será que sabem que também podem passar música nacional?

Sê feliz

«Sai para a rua, vai ao campo, aprecia o sol e tudo o que a natureza tem para oferecer. Sai e tenta recapturar a felicidade que existe dentro de ti próprio; pensa em toda a beleza que há em ti e em tudo o que te rodeia, e sê feliz».

Anne Frank, Diário de Anne Frank

segunda-feira, junho 19

Robots no Rossio

Observando e reobservando as fotos da recente manifestação da Frente Popular, movimento de extrema-direita, no Rossio, em Lisboa, é cada vez mais chocante verificar que os olhos daquelas pessoas estão assustadoramente fixos, sem reacção, como que controlados por algo maior. São robots, seres sem sentimentos, que cegamente caminham para o abismo.

Os nossos amigos americanos

Michael Moore, o realizador do polémico documentário Fahrenheit 9/11 contestário à administração Bush, parece estar de novo em sarilhos.

Moore utilizou um excerto de uma entrevista de um soldado americano que perdeu os dois braços no Iraque no seu documentário. Este alega agora que não lhe foi pedida cedência de imagens, que ainda por cima contribuem, falsamente diz, para uma crítica ao esforço de George Bush, que continua a apoiar. Peter Damon exige 75 milhões de dólares de indemnização, ao que se juntam 10 milhões pedido pela sua mulher «pela perturbação causada ao marido».

Bem vindos aos «States», terra do sonho americano e das indemnizações por tudo e por nada.

quinta-feira, junho 15

«A história não está bem contada»

A grande notícia de hoje prende-se com o encerramento ou não da fábrica automóvel da General Motors (GM) na Azambuja. Os funcionários (mais de 1100) dizem que sim, informados pela direcção. A direcção não confirma nem desmente. O Governo diz que não está ainda decidido e que vai negociar.

Por entre troca de argumentos e factores bizarros (como o estudo que indicava ainda no ano passado a produção na Azambuja como sendo um modelo dentro do grupo GM), o mais impressionante é a cláusula de rescisão dos contratos com os operários que obriga o grupo norte-americano a pagar os salários, na totalidade, até 2009. Que negócio da China terá encontrado a GM que compense esta saída do nosso país? Como disse António Perez Metello, comentador para a área da Economia, no Jornal Nacional da TVI, a «história não está bem contada».

Lição de vida

Não é apenas nos grandes momentos que nos revelamos nem nos episódios mais cinematográficos da nossa vida que nos mostramos. Tudo o que somos, tudo o que dizemos e fazemos constrói a imagem que os outros têm de nós. Se tivermos isto em linha de conta talvez possamos perceber determinadas reacções, aceitar as derrotas com compreensão e viver as surpresas com ainda mais alegria e orgulho.

Relacionando-me com os livros

Terminou ontem a Feira do Livro de Lisboa. Soube a pouco, como em todos os anos... O espaço onde decorre, apesar da vista magnífica sobre a cidade a estender-se até ao Tejo, não é o mais indicado, pois é inclinado, obrigando a um sobe-e-desce pouco apetecível no Verão. Mas o maior entrave reside nos stands. Os livros amontoam-se em escaparates, com o respectivo vendedor de olhos pregados em cada visitante/potencial comprador.

Não é portanto possível manusear os livros, senti-los, cheirá-los, vivê-los, estabelecer uma relação com eles. Prefiro as pequenas feiras do livro ou as bancas que não têm a veleidade de serem uma feira, mas sim uma montra que nos convida a partilhar consigo as suas histórias.

segunda-feira, junho 5

A âncora, a fortaleza e o número um do filme

No outro dia, em conversa com uma amiga, em pleno Alfa Pendular a caminho do Porto, por entre as paisagens que fugiam apressadas pela janela, ela dizia-me que procurava a sua âncora. Isto porque neste momento a sua família e o seu ex-namorado (exactamente por ser ex) já não lhe davam a segurança e a estabilidade de que necessitava. Disse-lhe o meu lema de vida: «A tua âncora és tu mesma, é por ti e a ti que tens que te agarrar».

Noutra ocasião, um amigo entendido nestas coisas dos astros indicou-me que, porventura, eu seria sempre o «número um do meu filme», disse-me que eu possuía uma fortaleza quase inabalável, e que talvez essa fosse a fonte de alguns bloqueios na minha vida.

Será que tantos anos de construção de muralhas e couraçados podem revelar-se contraproducentes?

A terra de Timor

«Pisa a terra, não pises as gentes»

Aforismo timorense

Importa-se de repetir?

«Aqui tratam-nos como mulheres, e isso faz-nos sentir bem. Na Suécia, homens e mulheres são demasiado parecidos em tudo...»

Helen Swedin, modelo sueca casada com Luís Figo

quinta-feira, junho 1

Santos & Populares

Chegou finalmente o mês dos Santos Populares! Viva Junho, as sardinhas, a música, os arquinhos e os balões, viva a festa na rua, viva o chouriço assado e o pão, vivam as entremeadas e as febras, viva o Santo António, o São João e o São Pedro. E viva a noite de Santo António, a grande festa de Lisboa!

Nos dias de hoje

No outro dia fui à cerimónia de entrega de diplomas da minha pós-graduação. Muitas das pessoas já não via desde o final do curso, há cerca de um ano. A pergunta esperada, temida, lá surgiu de todos os lados… «Então grande Pedro, que estás a fazer agora?» A resposta veio, atabalhoada, trapalhona, envergonhada e indesejada. «Pois agora estou de novo à procura. Isto está muito complicado, já sabes.» É embaraçoso o facto da questão nos invadir todos os dias, nos consumir a mente e nos enfernizar a vida. Mesmo quando a busca é incessante, permanente e, na maior parte das vezes, inglória.

Lamento viver numa época em que Portugal, e de certa forma todo o mundo ocidental, vive a pior crise das últimas décadas, a nível económico, social e de mentalidades. O século XXI chegou mas parece que andámos para trás.