Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, outubro 4

Espaços antigos

Ontem surgiu a oportunidade de visitar um antigo local de trabalho, agora encerrado e vazio. O caminho para lá foi um misto de tristeza e excitação. Quando entrei, uma nostalgia escura e nebulosa pôs-me os pensamentos a girar às risquinhas cinzentas, pretas e brancas, como no final das emissões das televisões de há uns anos atrás, antes do fenómeno das televendas (por vezes o programa mais cómico da televisão) e da programação 24 horas por dia. Flashes circularam a velocidade super sónica, vozes, gritos, noites longas, satisfações e frustrações. Mas agora tudo estava vazio. Não havia secretárias, não havia televisões, não havia armários, não havia jornais espalhados por todo o lado. Tudo o que sobrou foram fios soltos e a marca das divisórias no chão. E, num dos cantos, o local onde estava a secretária à qual eu me costumava sentar. Pelo ar pareciam pairar as caras das pessoas que ali trabalharam e flutuavam as vozes de quem já lá não estava. Fiz o luto e o enterro que ainda não tinha feito. Mais uma porta que se fechou, definitivamente.

2 Comentários:

Às 12:22 da tarde , Blogger A Sonhadora disse...

Oi Tigrão...beijoca fofa da sonhadora

 
Às 10:59 da tarde , Blogger Héliocoptero disse...

Fecha-se uma porta, abre-se outra. Ou abrem a seu tempo, pelo menos. Há que ter fé em novas Primaveras ;)

P.S.: Espero que tenhas guardado um pedaço desse teu antigo local de trabalho. Uma pedra ou uma peça que tenhas encontrado no chão, por exemplo.

 

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