Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

sexta-feira, dezembro 19

O Senhor Tango

Parecia que estávamos de novo em Buenos Aires. Numa cave com janelas, o ambiente a muito média luz, um piano, mesas e cadeiras de madeira espalhadas pela sala de colunas, rostos vários e roupas coloridas e escuras, novos e velhos, uma senhora matrona que se destacava como as donas dos bordéis antigos, pesadamente instalada no seu trono. E música, acordes de tango que dominavam a sala e todos os ouvidos. Casais que rodopiavam ao som de Gardel, quase sem tocar no chão de pedra. Pernas envolvidas num jogo de sedução e de luta, pescoços inclinados como símbolo de poder e de domínio. Apesar do ambiente de festa e de descontração o tango impunha respeito, como dança maior espírito de uma música maior. Porque os casais que rodopiavam estavam envoltos numa atmosfera de sabedoria e num quase transe, fruto de uma aprendizagem que nós não temos. E assim, respeitadores, abandonámos a cave com janelas a muito média luz e seguimos pela noite fria em busca de outros ambientes.

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