Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

domingo, maio 14

A inocência já morreu de velha

Depois de um dia passado na praia, no regresso a casa quase ao cair do pano sobre o sol, diálogo no carro:

- Estou cheio de fome, diz o condutor
- Tenho aqui uma sandes. Toma! Eu nem sequer vou comê-la...

O que parece à partida um acto de solidariedade e de generosidade pode ser, se analisarmos de uma forma mais profunda, um acto de simpatia encapotada. Sim, o amigo está com fome, sim, x vai dar a sua comida a y, mas, mas, só porque x já não tem fome e não vai comer a respectiva sandes. Porventura o verdadeiro gesto seria dar a sua comida, mesmo tendo fome, ou partilhá-la para que todos pudessem saciar um pouco as suas necessidades. Mas a inocência já morreu de velha.

O que interessa neste caso não é a sandes ou o gesto em si próprios. É uma reflexão sobre o facto de muita solidariedade que anda por aí existir porque verdadeiramente não custa a quem a pratica.

2 Comentários:

Às 11:04 da manhã , Blogger Luisa Seabra disse...

pode ser isso, ou pode apenas ser um argumento convincente... é que por exemplo o meu "love" não gosta muito da minha caridade, o q é perfeitamente compreensível, mas como não gosta eu uso muitas vezes esse tipo de argumento a ver se pega, se ele aceita...entendes?

 
Às 7:50 da tarde , Blogger s disse...

o que não invalida a solidariedade, ou invalida?

 

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