Frescos de uma tarde
No outro dia estiva eu sentado no muro da estação de metro da Baixa-Chiado, em frente ao café Brasilseira, como observador social da realidade específica de um dos corações de Lisboa. Lá estavam o grupo de freaks, um deles tocando na flauta peças pop da música clássica de Mozart e Beethoven a troco de umas moedas, mais os seus incontáveis cães. Ainda trocámos algumas palavras e sorrisos. Pedem-me lume, que não tenho. São simpáticos estes freaks, que vivem longe de todos na sua galáxia surreal.
Passavam igualmente velhotas, muitas, com os seus mil-e-um sacos. Aos 70 e 80 anos é incrível como ainda mantêm um sorriso na cara que a vida não conseguiu abater. Cumprimentam os empregados dos cafés, os lojistas e conversam animadamente com os freaks «A menina costuma estar lá mais em baixo não é? E que faz aqui sozinha?» «Estou à espera do meu amigo (é curioso como não diz 'o meu namorado') que está ali a tocar flauta».
Para contrariar o bom espírito do Chiado deparo-me com um enxame de brasileiros a fazerem inquéritos de ruas: «A sinhóra bébi cáfé?» «Côstumá medjir á suá tênsão artérial?». E os velhotes normalmente respondem pacientemente, talvez por não terem outra companhia e aquela ser a primeira conversa do dia...
O que conta é que o Chiado está de novo vivo, pulsa e vibra com gente diferente, e já não é o corpo morto que o grande incêndio quase matou.
4 Comentários:
E eu adoro-te CHIADO =)
Há muito tempo que o Chiado já deu os primeiros rebentos, flores e frutos após o incêndio. Desde que os armazéns reabriram que aquilo é uma roda viva.
Por onde é que tens andado, pá? :p
Eu também adoro o Chiado! Chiado, Baixa, Bairro Alto... É fantástico. Adoro ver a alegria dos turistas nas nossas esplanadas. É contagiante! Do Bairro Alto , o que eu mais gosto é das ruas disformes e das mercearias do tempo do Salazar! Inconfundivelmente português
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