Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

segunda-feira, abril 7

A gorda

Na semana passada fui ver a peça «A Gorda», no renovado Teatro Villaret. Poucas novidades no novo espaço, mas já que fizeram obras bem que podiam ter acentuado o desnível do anfiteatro, já que fiquei com uma bela torre ao meu lado, eu e a Andreia, sentada na cadeira seguinte.

Quanto à peça, tinha bastante curiosidade. Porque o título é sem dúvida apelativo, já que mexe com os nossos mais ocultos preconceitos, mas também porque há uns anos, na biblioteca de turma, lembro-me de ter lido um título algo do género que me ficou bastante na memória.

O enredo é simples: homem bonito, de sucesso, conhece miúda gorda e sem grandes atractivos. Contra todas as expectativas começam a conversar, marcam um jantar por brincadeira e acabam por iniciar uma relação. Tudo tranquilo até que o círculo de sucesso do homem descobre que a nova namorada é uma gorda. As gozações começam e sobem de tom até ao dia de um evento de praia, em que a namorada gorda, escondida dos outros até então, é apresentada à «sociedade».

Perante a pressão do sucesso e face à namorada gorda, o homem não hesita. «Podemos resolver isto...», quase que roga a namorada. «Não podemos!», grita o homem de sucesso. E fecha o pano.

A verdade é que continuamos muito presos a determinados padrões e normas. O que é diferente é posto de lado, e quando não deve-se a um trabalho de consciencialização que nos leva a aceitar as gordas deste mundo.

Enquanto não olharmos para todos, gordos ou magros, feios ou bonitos, homens ou mulheres, ricos ou pobres, com a mesma lente, definitivamente não vamos lá...

1 Comentários:

Às 11:11 da manhã , Blogger Dad disse...

Pois, por muitas chamadas de atenção para a aceitação das desigualdades, este mundo continua a olhar para os "diferentes" de uma forma enviesada. Há muita hipocrisia em tudo isto. Espero que um dia a malta perceba que há coisas que são mesmo assim e há que aceitar as diferenças; gordura, feiura, defeitos fisicos vários, tendências sexuais etc.
Mas a malta fala e finge que aceita mas não aceita. Isso é que é o grande pecado.Paroles, paraoles, paroles...
Enfim, para esta sociedade nos aceitar, temos que ser bonitos,elegantes, inteligentes, bem sucedidos na vida, falarmos linguas estrangeiras e termos cartões de crédito!
Abaixo com o Big Brother!

Se puderes vai ver o TINTEIRO no Teatro de Linda a Velha - o Lurdes Norberto. É fantástico!
Beijinhossssssss

E já agora essa de vou-te amar para sempre, é capaz de também ser uma grande ilusão...

 

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