Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, outubro 22

Leituras para (sobre) viver

Não gosto de deixar livros a meio. Usando a frase feita, é como ir a Roma e não ver o Papa.

Aqui em cima, no topo do blog, tenho citada uma frase de C. Lispector, que diz 'Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida'. É também um pouco essa a minha posição. Leio todos os dias. Nem que seja uma página já na cama, com um olho fechado e outro aberto. E no dia seguinte tenho que reler porque a atenção já não era a ideal. Mas leio sempre.

Há quem alimente o corpo com vitaminas, proteínas e sais minerais (todos nós). Há quem alimente a alma e o espírito com orações e meditações (uma grande maioria). Há quem se alimente de leitura (como eu).

Isto para falar de um dos últimos livros que li (ou melhor, devorei, já que tempo livre não me falta): 'Os piores contos dos Irmãos Grimm'. Trata-se de escrita a quatros mãos entre o Luis Sepúlveda e Mario Delgado Aparín. O Sepúlveda é um dos meus escritores favoritos e acho que já li tudo ou quase tudo dele. e daí, naturalmente, há uns anos quando vi este livro na FNAC, é claro que o comprei.

Comecei a lê-lo na altura, não gostei e coloquei de lado, para mais tarde. O mais tarde chegou neste ano de 2013, em que para além de estar desempregado há muitos meses (não é preciso ter vergonha de o dizer), ando a reciclar todos os livros que possa, até porque o orçamento não chega para tudo e as páginas compradas são objectos de luxo neste momento. Dou a volta pelas prateleiras cá de casa, dou a volta pelas estantes de Alvaiázere (a outra casa, a do pinhal), e assim vou fazendo pilhas e pilhas de livros para ir lendo. Aliás tenho os livros daqui e os livros de lá. E quando os termino voltam todos à sua proveniência, ao local da estante onde estavam arrumados. Cada coisa no seu lugar.

Este 'Os piores contos dos Irmãos Grimm' pretende ser uma paródia bem ao jeito sul-americano mas que nada tem a ver com os autores de contos infantis. Tem alguns pormenores engraçados, algumas situações caricatas, e permite acima de tudo viajar na imaginação para o continente mais ao sul. E é só. Confesso que me obriguei a terminar o livro. Levei apenas 'Os piores contos dos Irmãos Grimm' para a minha semana em Leeds, para não me poder dispersar antes de dormir a ler outras coisas. Muitas frases, se calhar páginas inteiras, passaram-me pela frente sem que eu dispensasse a mínima atenção, quase em piloto automático. Mas a verdade é que terminei o livro. Com a sensação de dever cumprido. E por estes dias são estas 'vitoriazinhas', estes objectivos mínimos e quase ridículos para quem tem uma vida como deve ser, que vão contando e insuflando oxigénio todos os dias. Para o dia seguinte.



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