Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

domingo, agosto 28

Pérola do gótico renasce das águas em Coimbra

Nesta semana de descanso rural uma das escapadas foi a Coimbra, ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Para os mais distraídos Santa Clara é uma construção na margem sul do Mondego, onde originalmente foi sepultada a Rainha Santa Isabel, mulher do Rei Dom Dinis. Concebido como um local de reclusão para as monjas clarissas, ou seja, aquelas que professavam a Ordem de Santa Clara de Assis, a equivalente feminina de S. Francisco de Assis, o antigo convento teria de ser auto-suficiente, com dormitórios, hortas, refeitório, estábulos e tudo o que permitisse uma vida isolada do mundo exterior. Tudo isso foi perdido devido às cheias do Mondego, que desde o século XIV começaram a fustigar o local. A solução encontrada pelas monjas foi a de colocarem pedra sobre pedra, subindo o nível do chão e literalmente afogando a água. O abandono deu-se no século XVII, quando não era mais possível remendar a situação. O corpo monástico subiu para o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e Santa Clara-a-Velha foi abandonada, até nada mais sobrar à superfície das águas que a imponente igreja, uma pérola do gótico. Bombeada toda a água na década de 90, é hoje possível visitar o conjunto arquitectónico como seria à altura da construção. E digo-vos que vale a pena uma visita guiada ao local. Pelo romantismo de um conjunto que esteve durante séculos debaixo de água, pelo simbolismo de ter sido o mosteiro favorito e protegido da Rainha Santa, por Inês de Castro ter percorrido aquelas paragens, enfim, por ser Coimbra, e para abraçar Coimbra não é preciso qualquer pretexto. Vale a pena.

1 Comentários:

Às 8:48 da tarde , Blogger Tomás disse...

Este post já tem um tempito.
Sou de Coimbra, e lembro esta Igreja quando estava submersa até metade.

Gostei de ler a forma como escreveu sobre este local.

 

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