Périplo pelas noites portuguesas: Tasca do Chico (Lisboa)
Tasca. Haverá coisa mais portuguesa que uma tasca? Mesmo que nos acenem com os chiques cafés parisienses quentinhos e a cheirar a croissants ou com as cafetarias americanas estilo anos 60, com os bancos corridos, um gigantesco batido de morango à nossa frente e uma empregada com um chapéuzinho tipo enfermeira atrás do balcão, será que um verdadeiro português não continua a preferir uma tasca? Penso que sim. E onde quero eu chegar com isto? À Tasca do Chico, um barzinho no Bairro Alto, no coração de Lisboa. Desde há uns tempos que multidões se concentram à porta do «Chico», em frente ao Palpita-me. E digo à porta porque o espaço no seu interior é exíguo, como numa tasca deve ser. Mas o que torna este local tão especial? Será a fama do fado vadio, às segundas e quartas por volta das 22h? Dizem que Mariza começou por ali, e de facto lá estão na parede fotografias da nossa fadista da moda, quando era apenas uma ilustre desconhecida. Serão as empregadas, quase todas brasileiras e muito simpáticas no seu sotaque doce do português do outro lado do Atlântico? Minto. Anda por lá uma cubana que só a muito custo lhe arrancamos um sorriso, e apenas um esboçar de lábios, não muito mais. Será a famosa, deliciosa e barata sangria, já que os jovens andam sempre sem dinheiro e convém poupar todos os poucos euros que temos na carteira? Ou será a mistura de tribos urbanas que por lá se junta? Sejam betinhos ou radicais, surfistas ou indies, rastas ou yuppies, por lá encontramos de tudo. Eu arrisco que é porque nos sentimos bem. É já um clássico combinar um encontro no Bairro Alto em em frente à «Tasca», beber qualquer coisa, e depois seguir um périplo pelos outros bares: Clube da Eskina, Arroz Doce, 121, e depois partir para mais altos voos, seja na Kapital seja no Lux, onde se acaba a noite. O «Chico» não foge muito à decoração das outras tascas: mesas e bancos de madeira, paredes de azulejo carregadas de fotos e cartazes, muitos cachecóis de todas as equipas de futebol, nacionais e estrangeiras, pendentes do tecto, as inevitáveis televisões ligadas na SportTV, a máquina do tabaco e as muitas garrafas de tudo o que se possa imaginar atrás do balcão. E muita, muita gente, acotovelando-se sem grandes ondas, em amena cavaqueira, simplesmente conversando, num ambiente descontraído, ao som de música brasileira, pois claro.
8 Comentários:
Eu depois digo o que é que há do género na Suécia e até que ponto eu sinto falta de uma boa tasca, mas algo me diz que tens razão :p
Caramba o Chico tem que te pagar a alta publicidade que lhe estás a fazer! Gostei tanto do texto que um dia deste ainda vou à tasca!
Aiii Aiii... k saudades daquelas nights lisboetas em que o Chico é um ponto de paragem obrigatório ;)
Pois é aml, mas como todos os sítios que eram giros são depois invadidos e perdem a qualidade... Enfim, temos de lá ir aos fados.
Ah, uma noite de fados. Que desafio! Há anos (muitos!) iamos assiduamente à Parreirinha de Alfama, lugar castiço e simpático, fados com caldo verde, "broa" e velas. Anos volvidos, esta casa e muitas outras, seguiram os novos ventos e tornaram-se zonas comerciais...foi-se o castiço, a mágica atmosfera.
Sugestão por experiência vivida: bom fado nocturno, no Chiado, em plena via pública. Um indivíduo canta com paixão, amor, sentimento, entrega, aquelas emoções que nós, portugueses, gostamos de sentir mexer... a este, sim, vale a pena pagar o serviço prestado!
Abração a todos vós, gente simpática!
O fado é a alma da gente lusitana. Frase feita mas por demais verdadeira. Stella, quando estiver por cá a Sitá, lá rumaremos a uma capelinha da noite de fados
Onde é que fica isto?
Bairro Alto, Rua Diário de Notícias
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