du Bocage
«Sentia a ambição juvenil de desempenhar um papel de notabilidade. Como os portugueses de outro tempo. Aqueles que tinham chegado aos mares do fim do mundo e ligado os povos da Terra. Ele resolvera no momento. Iria para a Índia.
Todo o português é poeta alguma vez na vida. E alguma vez na vida sonhou com o horizonte do mar do fim do mundo.
Mesmo que o prosaico da vida o faça apagar-se na banalidade dos actos. Então passa a ser a contradição de si próprio. Atolado no lodo da mediocridade. E a centelha do génio fica a faiscar saudades do que não foi.
Afogado na utopia ou na desmesura libertina.
Resta-lhe um grito de desconformidade. Em versos.»
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