Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

domingo, novembro 6

Perseguição a minoria religiosa no Irão

Os Bahá'ís, a minoria religiosa mais numerosa no Irão, têm sofrido perseguições e segregações desde a Revolução Islâmica no país em 1978 e a instauração do regime dos ayatollahs (chefes religiosos). Os Bahá'ís têm sido sequestrados, torturados, assassinados, os seus bens confiscados, o acesso à Educação é negado, enfim, está em marcha uma campanha para a exterminação daqueles que professam uma religião que não o Islão.

Aqui fica um pequeno relato de um exemplo tragicamente real.

"Poucos incidentes são mais chocantes – ou reveladores do preconceito religioso da perseguição aos Bahá’ís e da coragem com a qual a enfrentam – do que o acontecido com um grupo de dez mulheres Bahá’ís enforcadas em Shiraz, Irão, em 18 de Junho de 1983. O seu crime: ensinar aulas religiosas a crianças Bahá’ís.

Com idades compreendidas entre os 17 e os 57 anos, as dez mulheres Bahá’ís foi levadas à forca sucessivamente. Aparentemente, as autoridades esperavam que à medida que vissem as suas companheiras no lento estertor da morte, as mulheres renunciariam a sua fé.

No entanto, de acordo com testemunhas presentes, as mulheres aceitaram o seu destino cantando, como se estivessem a apreciar o seu destino com prazer.
Um dos homens presentes confidenciou a um Bahá’í: «Tentámos salvar as suas vidas até ao último momento, mas, uma por uma, primeiro as mais velhas, depois as mais novas, foram enforcadas enquanto as outras eram forçadas a assistir, com isto tentando que negassem as suas crenças. Até chegámos a incitá-las a declararem que não eram Bahá’ís, mas nenhuma delas o aceitou; preferiram a execução.»

Cada uma das dez mulheres foi interrogada e torturada nos meses que precederam a sua execução. De facto, algumas apresentavam feridas visíveis nos seus corpos quando estavam na morgue, após o enforcamento.

A mais nova destas mártires era Muna Mahmuddnizhad, uma estudante de 17 anos que dada a sua juventude e envolvente inocência tornou-se, de certa forma, no símbolo do grupo. Na prisão, as solas dos seus pés foram vergastadas, tendo Muna sido obrigada a caminhar em sangue. Porém, nunca renegou a sua fé, chegando mesmo a beijar as mãos daquele que a executou, e depois a corda da morte, antes de colocá-la em volta do seu pescoço.

Outra jovem mulher, Zarrin Muqimi-Abyanih, 28 anos de idade, disse aos interrogadores que a instigavam a que renunciasse a sua fé: «Aceitem ou não, eu sou uma Bahá’í. Não podem tirar isso de mim. Sou uma Bahá’í em toda a minha existência e com todo o meu coração».

Durante o julgamento de outro dos membros deste grupo, Ruya Ishraqi, uma estudante de Veterinária, o juiz declarou: «Vocês colocaram-se perante esta agonia apenas por uma palavra: basta dizeres que não és Bahá’í e eu libertar-te-ei». Ruya respondeu: «Não trocaria a minha fé pelo mundo inteiro.»

As outras mulheres executadas a 18 de Junho de 1983 foram Shahin Dalvand, 25 anos, socióloga, Izzat Janami Ishraqi, 57 anos, doméstica, Mahshid Nirumand, 28 anos, que se tinha candidatado a uma licenciatura mas tinha sido recusada por ser Bahá’í, Simin Sabirim 25 anos, Tahirih Arjumandi Siyavushi, 30 anos, enfermeira, Akhtar Thabit, 25 anos, também enfermeira, Nusrat Ghufrani Yalda’í, 47, membro do Conselho Nacional Bahá’í.

Todas haviam sentido como seu dever ensinar aulas religiosas Bahá’ís – sobretudo depois do Governo iraniano ter barrado o acesso de crianças Bahá’ís às escolas estatais."

3 Comentários:

Às 5:52 da tarde , Blogger Héliocoptero disse...

O Irão é um regime teocrático fundamentalista, por isso, enquanto não vier abaixo, este tipo de coisas é mais do que previsivel, infelizmente.

Se deres com uma campanha online contra a intolerância religiosa no Irão, põe o link no blogue para o pessoal participar ;)

 
Às 11:24 da tarde , Blogger emot disse...

Estou a ver que os conhecimentos Bahai te dão uma perspectiva global e particular interessante!

 
Às 11:44 da manhã , Blogger Marco Oliveira disse...

Helicoptero,

Pega este link:
http://denial.bahai.org/

1 Abraço,

 

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