As estátuas
Numa destas noites cada vez mais frias, lá para os lados da igreja grande, uns barulhos estranhos começaram a quebrar o silêncio parado daquela zona. Primeiro tímidos, até podiam ser ramos das árvores a dobrar e a esticar, já que o jardim antigo distava poucos metros dali. Ou até um pássaro desorientado com o nevoeiro que se tivesse perdido pelo meio dos arbustos e das folhas. Mas uma observação mais atenta apontava para a igreja grande. Mas que raio, o mármore antigo estaria a falar? E estava mesmo. As estátuas, as quatro estátuas que adornavam a fachada principal da igreja grande, a Liberdade, a Justiça, a Força e a Aventurança, estavam a emitir sons semelhantes ao crepitar de uma lareira e aos estalidos da madeira de um móvel antigo.
E então começaram a mover-se, julgando que ninguém estava a ver. Primeiro devagar, se calhar para desentorpecer os músculos, depois mais depressa, lá seguiram as quatro, a Liberdade, a Justiça, a Força e a Aventurança, pela estrada abaixo, até desaparecem no horizonte do caminho.
E desde então nunca mais ninguém as viu.
3 Comentários:
Bom ano!!! :)
Diz que o Emprego ia junto com elas...
E olha que foram-se. Mesmo. E quanto mais o tempo passa, mais longe elas ficam.
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