Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

domingo, dezembro 3

Vida

I'll tell you this
No eternal reward will forgive us now for wasting the dawn

Jim Morrison

Muitas vezes dou por mim a pensar, e com cada vez maior frequência ultimamente, sobre o propósito da vida e sobre a forma como a organizamos. Existimos para sobreviver, como meros animais não racionais, trabalhamos cinco dias em sete (alguns mais que isso), empenhamos a maior parte do nosso tempo em actividades extenuantes, mecânicas, esgotantes, tudo para ganharmos uns trocos ao final do mês que nos mantenham à tona da água. Vivemos quantitativamente para satisfazermos as nossas necessidades materiais, a comida no restaurante, a lista no supermercado, a conta da água, da electricidade e afins, a gasolina e as milionárias inspecções e revisões, a roupa, etc. e tal. E onde entra o prazer da vida? As necessidades sensoriais? O gosto de viver por viver? São poucos os momentos que temos disponíveis para o fazer, vividos intensamente e de forma quase louca e desenfreada, como se fossem os últimos de uma saga que nos parece sempre curta de mais.

E por isso vivemos desequilibrados. O material, enfadonho, longo, arrastado, contrasta violentamente com o sensorial, sem limites de tempo, ou espaço, ou consciência, ou do que quer que seja. E o resultado só poder ser um: o esgotamento, a luta entre duas faces tão distintas que quase se afogam e destroem mutuamente.

Caminhamos para o abismo? Talvez. Penso que temos de refundar o nosso modo de vida, sob pena de termos robots no trabalho, espartilhados, personalidades anuladas e insípidas, e seres transgressores no campo sensorial, sem noção do meio, princípio ou fim.

3 Comentários:

Às 7:25 da tarde , Blogger Deeper disse...

Pois... Se calhar a teoria do meu amigo espanhol segundo a qual temos de encarar o trabalho como uma espécie de prostituição não está tão errada quanto isso. O problema é que isto é tão mais dificil quanto maiores eram as nossas expectativas, sonhos e ambições.

 
Às 10:58 da tarde , Blogger Dark Moon disse...

Esse pensamentos pairam todos os dias na minha mente quando vou para o trabalho e penso na rotina nos dias... filas, sinais vermelhos, horários, prazos...

Para mim a vida não é de todo isto...mas a verdade é que dou por mim a fazê-lo.

Onde está a espontaniedade?

A espontaniedade que nos faz sentir bem, mesmo que fazamos coisas ditas de miudos?

Viver
Intensamente
Desperta o
Amor

Beijos,
Dark Moon

 
Às 9:48 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Errata: onde está fazamos deverá ler-se façamos...

Bj,
Dark Moon

 

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