Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quinta-feira, dezembro 7

Obrigado por não fumar

Ontem num restaurante na Baixa de Lisboa, no início da refeição, começa a surgir uma onda azul acinzentada mal cheirosa a desenrolar-se pelo ar. Não estivesse eu constipado e mais sensível ao nível do nariz e teria ignorado, como faço sempre. Mas estando eu com um grupo grande, quase todos não fumadores, atacado do nariz e a começar a jantar, não tive contemplações e virei-me para trás. «Importa-se de chegar o seu fumo para outro lado?» pedi eu ao homem do cigarro, meio pedido meio exigência. Surpreso, lá rosnou um «Vou tentar», e desviou o cigarro para a outra mão. Ao longo da noite ainda me foi cheirando a tabaco, mas que fazer...

Já sei que os fumadores têm os seus direitos, que vivemos em liberdade, que nós os não-fumadores somos uns fascistas com a mania de proibir o que tanto dá prazer aos outros, que só gostamos de implicar e chatear, blá blá blá, etc. e tal. Eu não me importo nada que o senhor do cigarro se envenene e cometa um suicídio lento. Fume o que quiser, a responsabilidade é única e exclusivamente sua. Mas peço respeito num restaurante, onde todos estamos a comer e não temos que suportar o fumo estúpido e idiota de quem está ao nosso lado. Até porque este dito senhor, e normalmente assim acontece, estava a desviar o fumo dos que estavam na sua mesa, a proteger os seus amigos, mas a descurar todos os outros presentes no restaurante. Enfim, alguns laivos de consideração, mas apenas por aqueles de quem gosta. Mas o mais impressionante parece-me ser a forma como o homem do cigarro me olhou, como se o que eu pedi fosse um sacrilégio.

Tenho pena que a coragem de José Sócrates neste caso tenha abrandado. Falou-se muito na proibição oficial de fumar em locais públicos fechados, mas tudo ficou meio abafado, novamente. O preço do tabaco vai aumentar de novo no início do ano. Muito bem, acho excelente ideia, mas isso vai fazer com que pessoas deixem de desrespeitar os outros em restaurantes e afins? Não. Um fumador prefere não comer a ter de não fumar. Por isso façam-se as leis. Os fumadores podem ir para as suas salas de chuto cigarrético e nós, os tão odiados e chatos não-fumadores, podemos apreciar o nosso jantar em paz.

4 Comentários:

Às 3:31 da tarde , Blogger A Sonhadora disse...

Pois � Tigre...� o que d� viver numa republica das bananas....
e assim vai este nosso portugal!!!
Um abra�o e um bzummmzummm da abelhinha

 
Às 1:34 da manhã , Blogger Dark Moon disse...

Pois, subscrevo-te.

Mas se eles não se respeitam a eles próprios, como podemos querer que respeitem os outros... enfim!

Beijos,
Dark Moon

 
Às 1:18 da manhã , Blogger Rui Maio disse...

"Já sei que os fumadores têm os seus direitos, que vivemos em liberdade, que nós os não-fumadores somos uns fascistas com a mania de proibir o que tanto dá prazer aos outros..."

pedro: então e os fumadores não são fascistas com a mania de obrigar os não-fumadores a comerem o fumo que eles expelem? a mim também me dá prazer mandar umas quecas mas não o faço em cima da mesa do restaurante. e mesmo que a mandasse não prejudicava o bem estar físico de ninguém.
em suma: o Sócrates é um cagão por já n ter aprovado a lei que proíbe fumar em locais públicos! será que tb resolve fazer um referendo?

Abraços

 
Às 10:11 da tarde , Blogger Héliocoptero disse...

Pedrito, Pedrito: o quanto tu tinhas adorado a Suécia, rapaz! Fumar em locais fechados naquele país? Nem pensar! A menos que houvesse um compartimento próprio não havia qualquer hipótese de fazê-lo, fosse num café, restaurante, bar ou discoteca.

E posso garantir que a vida nocturna não era menos animada (ou menos decadente) por causa disso. Faz falta a muito bom português viver no norte da Europa por uns tempos.

 

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