Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quinta-feira, outubro 8

Callejando

Continuam a flanar por Lisboa antiga senhores velhotes mas distintos, impecavelmente arranjados, calças milimetricamente vincadas e camisas imaculadamente brancas, gravatas ou lacinhos a ornamentar, raros apesar de tudo os que mantêm o chapéu. É vê-los por Alcântara, pelo Chiado ou pela Baixa, olhar meio perdido mas sorriso seguro nos lábios. Vagueiam pelas ruas, às vezes pelo eléctrico, outras sentados nos bancos de jardim.

Nas esplanadas das pastelarias finas e antigas e nas varandas vetustas dos prédios tradicionais encontramos outra fauna: as tias e as avós, que lá pela idade avançada que têm não deixam de ser vaidosas. Pintam o cabelo, dão cor aos lábios e aos olhos e estão sempre atentas aos sapatos. Quanto mais barulho fizerem ao toque com a calçada lisboeta melhor. Falam muito, mas baixinho, falam sobre tudo e sobre nada.

Deviam então, estas senhoras e estes senhores distintos que fazem sobreviver uma Lisboa que já não existe, deviam estas senhoras e estes senhores juntar-se, para fazerem uma celebração do tempo que lhes resta aqui.

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