Aquilo que ninguém quer
Não devia ter mais de 20 anos. A pele ainda povoada de borbulhas, o cabelo curto, negro, escondido pelo boné, dois piercings a furarem uma orelha, uma pastilha mastigada mecanicamente. No frio do início de Fevereiro, num jardim no centro da cidade, atravessado todos os dias indiferentemente por todos, ela recolhia, igualmente mecânica, o lixo dos caixotes cheios daquilo que ninguém quer. Os dias dela arrastam-se, provavelmente, iguais a todos os outros, vivendo apenas para as saídas nocturnas do fim-de-semana. Porque o olhar dela era, também, mecânico, vazio, sem esperança.
2 Comentários:
Drigo, desafio para si no meu estaminé :)
deve ter sido vítima duns espertalhaços
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