Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

segunda-feira, julho 18

MJNP

Já passaram quase duas semanas desde que MJNP morreu. O verbo é mesmo este, "morrer". Não é falecer, perecer, deixar a terra, partir. Morrer. Cruamente, porque a morte é apenas isso, de forma crua deixar de viver. Não há forma agradável de o dizer e não que contemporizar ou ser paternalista.

Além de todo o valor, que era imenso, de MJNP, embora quase sempre pensasse de forma completamente oposta, de todo o respeito e admiração pela força, pela frontalidade e pela coragem de falar e dizer, a sua morte tocou-me porque a doença que a matou foi a mesma que matou o meu Pai.

Quem passou proximamente por uma situação destas saber que não há nada a fazer. Viagens aos Estados Unidos, experiências em Espanha, tentativas em Inglaterra, nada vale a pena. É, por enquanto, uma sentança de morte certa. E breve. São poucos meses para nos consciencializarmos que vamos perder aquele que amamos. Que mais do que nós sabe que vai morrer, mas que encara a doença e o fim com serenidade e se torna maior, superior. Aconteceu isso com o meu Pai e certamente aconteceu o mesmo com MJNP. Basta ver a sua crónica, a última, publicada no Diário de Notícias no dia da sua morte.

De novo a palavra "morte". Não podemos ter medo nem ser dramáticos. Chorar se sentirmos que sim. Ficar tristes e melancólicos se for esse o caso. Mas não entrar numa maré negra. O meu Pai e MJNP não o fizeram, e foram eles que mais sofreram e perderam a vida. Nós ainda cá estamos. Por isso, não nos façamos de vítimas e pobrezinhos. Aprendamos com quem já cá não está.

Com quem morreu.

1 Comentários:

Às 7:24 da tarde , Blogger Sofia disse...

Uma vénia, Pedro. A ti e a eles - aos teus, aos meus e aos de outros.
E que connosco fique apenas o bom, sim.

Um bj*

 

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