Era só isto.
Rasca. À rasca. Enrascado. Desenrascado. Rascoso. Rosconhofe. Enroscado. Dizem que eu e a minha geração somos isso tudo. Também que somos os mais qualificados. Mas também os mais caprichosos. Que queremos tudo em troca de nada. Que achamos que temos direitos porque sim e não sabemos o que a palavra deveres significa. Alguns serão. Até muitos.
Eu nunca tive um iPod. Nem um iPad. Nem uma consola do Super Mário. Nunca fui de férias para o Brasil nem de viagem de finalistas para Lloret del Mar. Nunca fui para a neve. Não passo a vida em concertos. Não tenho ajuda dos pais para pagar isto, aquilo ou aqueloutro. Quando saio à noite pouco consumo e só entro em sítios em que não pago. Não tenho jantares de 30 ou 40 euros só porque sim. A gasolina é racionada para chegar para o mês inteiro. Não vou ao ginásio. Não compro roupa nova por impulso. A lista é longa. Mas isto tudo para dizer que não faço o que dizem que os jovens consideram essencial e normal para a sua vida. Não sei se o é ou não. Sei que não o faço nem o quero nem o lamento nem o pretendo.
E é por isso que quando chega a altura de me confrontar com propostas de trabalho sinto-me legitimado para não aceitar ser explorado ou escravizado. Só pretendo algo que me garanta o essencial e o básico. E esse essencial e básico é ter dinheiro para as compras da casa. Para o seguro que é preciso pagar. Para a contribuição que é preciso fazer. Para a ajuda que é preciso dar a quem nos amou, educou, alimentou e vestiu uma vida inteira. Para ter pupilas no lugar de cifrões e paz no lugar de preocupações.
Obrigado.
2 Comentários:
É verdade, nós não somos tão exigentes quanto nos pintam. Aquilo que pedimos está muito mais relacionado com dignidade do que com bens materiais. Aquilo que pedimos baseia-se nos valores existencialistas que adquirimos e dos quais não queremos abdicar.
Ana C.
Subscrevo por completo! Palavra por palavra! Está tudo dito...
Um bj! * :)
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