Tigre da Tasmânia

«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector

quarta-feira, setembro 26

Marginaliza-me

Caminho do Guincho para Lisboa. Desta vez não sou eu que guio. Perco-me então a olhar o horizonte. Cada pedaço deste percurso sou eu. O azul intenso e ondulante do mar. Os carris de ferro duros e sólidos. As árvores e arbustos que escondem e recortam a paisagem. As pessoas nas praias no último mergulho do dia. Os barcos perfeitamente ordenados nas baías. O forte do Bugio. O repuxo de Oeiras. Os gelados do Santini. Os faróis. As rochas da Estrada da Guia. A areia fina do outro lado do rio quase mar. Mas sobretudo o charme da Marginal.

Há uma energia que não se explica nestes quilómetros até Lisboa. Palco de lágrimas e muita reflexão de madrugada a sós no carro. De muita festa, cantorias e saltos de tarde com os amigos. De conversas intimistas e sensoriais ao fim da tarde. De planos e meditações pela manhã. A Marginal parece indicar-nos o rumo a seguir, mesmo que todos os dias e em todas as alturas o caminho seja sempre o mesmo.

Como pensar viver fora de Lisboa ou passar muito tempo longe disto, disto que somos nós, que sou e que és tu?

domingo, setembro 23

Galáxias

Estou a olhar para uma estrela, para aquela estrela, para a nossa estrela. Será que a vês também, de onde estás?

sexta-feira, setembro 21

Sonhos II

Um LCD gigante diante de uma rede brasileira numa noite de estrelas num atol do Pacífico.

quinta-feira, setembro 20

Sonhos I

Uma cama com lençóis brancos no meio de uma praia deserta.

domingo, setembro 16

Concha

Ela: Gosto do teu colar simples, com uma concha.

Ele: É uma concha do Meco que apanhei ao fim da tarde.

Ela: É bonita. É simples. Como tu.

terça-feira, setembro 4

Soleirar

Hoje foi uma daquelas noites em que as horas se resumiram (ou se alargaram) numa soleira de porta do Bairro Alto. Senti-me deliciado observador, ouvinte e conversador, a só ou acompanhado, como nos desenhos animados em que apenas vemos os pés e as pernas dos adultos.

sábado, setembro 1

By the sea

No horizonte vejo a onda que chega e vejo a mesma onda que vai. Terá medo? Por entre os dois montes altos, um deles com uma pinta desde sempre, espreita o sol. Mais abaixo dez pequenas colinas, iguais aos pares mas todas diferentes, movem-se e escapam-se da água. A lagoa inunda, forma-se e rodeia-se-me. Encosto os ramos para trás, ensopados, aponto as portadas ao céu. Fecho as tabuinhas. Fico. Vivo. Sou.