Pena de Talião
Escrevo. Escrevo coisas que depois me parecem utópicas, infantis, sem sentido ou pretensiosas. Não me importo. Escrevo e vou continuar a escrever.
«Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida» C. Lispector
Escrevo. Escrevo coisas que depois me parecem utópicas, infantis, sem sentido ou pretensiosas. Não me importo. Escrevo e vou continuar a escrever.
O silêncio. O que é o silêncio? Quando duas vozes se calam e ele domina será sinal de que nada mais há para dizer? Ou pelo menos nada naquele momento? Será o silêncio sinal de falência, de falhanço, de vazio e de nada? Será que o silêncio fala por si mesmo? O silêncio é uma pausa que nos permite fruir das palavras que foram ditas, absorvê-las, integrá-las e pensá-las.
Parecia uma cena de um filme europeu, estilizado, elegante e alternativo. No Largo do Carmo, em frente ao Convento, seis casais dançavam, rodopiando ao som de um acordeão que recordava Tiersen. Iluminados pelos candeeiros de rua que lutavam num duelo desigual com a luz da lua e das estrelas os doze pés calcavam o solo de mármore num barulhinho constante que recordava as tropas de Abril que há 33 anos ali libertaram Portugal. O tempo parou naqueles dez minutos em que ali nos sentámos e demos graças por estarmos vivos.
Finalmente estreei-me no Maxime, a casa das lendas da noite de Lisboa. Mais um aniversário, mais boa companhia, mais gargalhadas e muitas gargantas afinadas a acompanhar o miado de Lena d’Água que estava no palco. Mas o mais surreal foi encontrar a minha professora da primária, a Gabriela, no público…
Passou-se mais um aniversário. Como sempre não disse a ninguém, ou a quase ninguém. De uma forma ou de outra lá fui parabenizado. Pelos que se lembraram e nunca esqueceram, por aqueles que se tornaram especiais nos últimos 365 dias ou por aqueles que resolveram apregoar a data. Não gosto do meu aniversário confesso. Não gosto nem quero ser recordadoapenas pela data em que nasci. Se alguma vez fizer algo digno de nota e de parabéns enquanto aqui estou na Terra, aí sim vou ficar orgulhoso quando de mim se lembrarem. De uma forma ou de outra o sorriso rasga-me a cara sempre que alguém diz: «Parabéns.»
Estou constantemente a pedir a opinião de todos. Em relação ao que escrevo aqui, ao que escrevo noutros sítios, ao que faço ou não faço, enfim, a opinião dos que me rodeiam é muito importante. Não que determine o meu caminho, mas não escutar os outros é sinal de autismo.
Passados mais de dois meses voltei a jogar ténis. Enferrujado, envergonhado, muito atabalhoado e até trapalhão. Os primeiros toques foram tão tortos que a certa altura joguei de joelhos no chão. «Gugu dádá», gozava o Carlos comigo, como se fosse um bébé a tentar jogar pela primeira vez. No final da hora já nem tudo estava mau, mas sei que tenho muito trabalho e suor pela frente se quero chegar nem que seja a um quinto do que já joguei. Tenho três meses para isso…
Nunca coloquei um site meter no Tigre. Primeiro por distracção, depois por receio que continuasse sempre a zeros. Um dos maiores medos dos nossos tempos (e meu também, desde sempre) é não ser ouvido, não ser lido ou simplesmente que ninguém repare que estamos aqui. Continuo sem saber qual o nível de visitas aqui, mas a todos os que sei que por cá passam e que até gostam digo: «obrigado».
Na noite passada a lua de prata reflectida no mar negro acompanhou-me ao longo da estrada marginal. Deu-me novas de ti. Mas eu não sei quem tu és.
A Inês acha que eu giro muito e ando sempre do lado para o outro, que conheço muitas pessoas e que falo sobre mil e uma coisas diferentes, e é por isso então que tenho pouca paciência e não me consigo focalizar. Mais uma vez, a Inês tem razão.
Dou por mim muitas vezes a tentar erguer castelos em cima de muralhas que já tiveram o seu tempo na minha vida. Insisto, coloco tijolos, mas o cimento não colabora e tudo se desmorona, com estrondo e muita poeira. Não há dúvidas. Sobre o entulho nada cresce, como se a terra tivesse sido coberta por sal.